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Cúpula das Operações Especiais comandou ação suspeita em favela do Rio

Corregedoria investiga o sumiço de milhões em dinheiro no Morro da Covanca, durante operação que foi coordenada pelo comandante do Bope e pelo subcomandante do COE

Por Leslie Leitão 15 jul 2015, 08h26

Um Inquérito Policial Militar (IPM) que corre em segredo de Justiça vem fazendo uma devassa no Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar fluminense. Na semana passada, a Corregedoria cumpriu mandados de busca e apreensão dentro do Bope e nas casas de seis policiais, três deles oficiais. Todos acabaram afastados da unidade. Até agora, dois majores eram os principais suspeitos de comandar uma operação no Morro da Covanca, em 22 de junho passado. Nela, uma fortuna – fala-se em quase 15 milhões de reais – teria sido encontrada na mata pelos agentes e, depois, desaparecido. O site de VEJA apurou, no entanto, que o controle de toda a operação, na verdade, estava nas mãos de dois coronéis que integram a cúpula das “operações especiais” da corporação: o comandante do próprio Bope, tenente-coronel Carlos Eduardo Sarmento, e o coronel Fábio Almeida de Souza, subcomandante do Comando de Operações Especiais (COE), órgão que coordena as unidades de elite.

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Comandante do Bope, tenente-coronel Carlos Eduardo Sarmento
Comandante do Bope, tenente-coronel Carlos Eduardo Sarmento (VEJA)

De acordo com relatos de pelo menos três pessoas que participaram da ação, Sarmento seguiu com sua tropa para a favela, na região do Tanque, em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade, dentro do carro blindado, popularmente conhecido como “Caveirão”. Já Fábio coordenou as ações de dentro de um auditório do 18º Batalhão da PM, transformado em um improvisado “gabinete de crise”. Souza chegou à unidade de surpresa, por volta das 7h30 daquela manhã: “Não sabíamos de nada, porque era uma operação sigilosa e da qual não participamos”, diz o tenente-coronel Rogério Figueiredo, comandante do 18º Batalhão, que ainda estava em casa quando foi comunicado pelo oficial de dia da chegada das equipes do COE. Dali de dentro, Fabio de Souza recebia informações e imagens passadas pelas equipes de terra – além do Bope estavam na operação o Batalhão de Choque e o de Ação com Cães – e do helicóptero que sobrevoava e filmava todo o complexo de favelas.

No registro de ocorrência 06792/2015, feito na 32ªDP (Taquara), foram apresentados sete fuzis, uma pistola, dezesseis granadas, 52 carregadores de fuzil, além de drogas e 2.215 munições de vários calibres. Em seu site oficial, a PM já tratava a ação daquele dia como sendo coordenada pelo COE. Não há qualquer menção sobre apreensão de dinheiro no registro feito na delegacia, nem na divulgação feita através da assessoria de comunicação. Questionada sobre o fato de a ação que virou alvo da Corregedoria ter sido comandada por dois coronéis da cúpula das Operações Especiais, a Polícia Militar, como tem feito rotineiramente, se recusou a responder. Sarmento e Fábio continuam em seus cargos.

As informações passadas para a Corregedoria da PM – e que iniciaram a investigação – relatam a participação de um informante que, encapuzado, teria levado os policiais a locais onde estariam escondidos tonéis de dinheiro em espécie. Detalham também a conduta de alguns policiais. A partir disso, alguns passaram a ser investigados e acabaram afastados da tropa de elite. São eles os majores Marcelo de Castro Corbage e João Renato Teixeira Sampaio (chefe do Serviço Reservado da unidade), o capitão Renato Roberto Soares Júnior; o cabo Álvaro Luiz Ferreira; e os soldados Fabio Vidal Pedro e Flavio da Silva Alves.

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Apreensões nas favelas Covanca e São José Operário, no bairro Praça Seca, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro
Apreensões nas favelas Covanca e São José Operário, no bairro Praça Seca, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro (VEJA)

Homem de confiança do atual comandante geral da PM, Alberto Pinheiro Neto, Fábio de Souza foi nomeado para o posto de subcomandante do COE no mês passado, depois de amargar cinco meses na “geladeira”. Em janeiro deste ano, ele foi afastado do comando do Batalhão de Choque depois que VEJA revelou mensagens de teor nazista e de incitação à violência que o coronel trocava com seus subordinados em grupos de WhatsApp. O conteúdo é investigado em outro IPM, sobre o ataque a tiros à casa do comandante do Batalhão de Choque e rival de Souza, coronel Márcio Rocha. Na semana passada, um dia após o site de Veja relatar a volta de Fábio, o arquivamento de uma sindicância interna foi publicado no boletim interno da corporação. Uma das alegações é a de que a justiça militar havia negado a quebra do sigilo telefônico dos investigados. O Ministério Público, porém, recorreu, e o Tribunal de Justiça autorizou a quebra.

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