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Crise leva banqueiros da City ao desânimo e a doenças

Por Por Julien Mivielle
17 nov 2011, 17h59

Estresse, depressão e insônia são três dos males mais frequentes observados na City de Londres, onde os tubarões das finanças estão submetidos a uma pressão crescente, devido à crise, a ponto de alguns executivos de alto escalão terminarem jogando a toalha.

O conselheiro delegado do Lloyds Banking Group, o português Antonio Horta-Osorio, foi a primeira baixa. Ele anunciou, no começo deste mês, para surpresa geral, que entreva de licença médica até o final do ano, por “problemas de saúde”. Segundo a imprensa londrina, é mais uma vítima do esgotamento.

A notícia causou inquietação entre os investidores, num momento em que o banco tenta atravessar o redemoinho da crise na Zona do Euro, e em meio à queda de suas ações na Bolsa de Londres.

O caso é sintomático; os profissionais mostram-se desalentados, explicou Michael Sinclair, diretor clínico do City Psychology Group, que cuida dos financistas da City e de Canary Wharf, o novo centro de negócios londrino.

“Há claramente um aumento de pessoas com problemas ligados ao estresse, a transtornos causados pela ansiedade ou depressão”, relatou o psicólogo à AFP.

Os sintomas físicos associados a essas doenças são variados: dores de cabeça e na coluna, problemas cardíacos, insônia.

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Sinclair constata “um aumento do número de consultas médicas devido ao clima econômico”, em consequência da crise financeira de 2008/09 e, agora, a da dívida na Zona do Euro.

“As coisas mudaram desde a recessão” de 2009, confirma Cary Cooper, professor de psicologia da Universidade de Lancaster (noroeste).

O número de empregos foi reduzido e a carga de trabalho aumentou no setor, onde corretores, banqueiros e administradores de fundos temem perder seu trabalho.

Neste mundo, o trauma de setembro de 2008 está muito presente: 4.000 empregados londrinos do banco americano Lehman Brothers, quebrado, perderam seu trabalho da noite para o dia, ficando na rua com seus pertences sob o braço.

As perspectivas atuais não são muito mais afáveis, uma vez que os empregos no setor de finanças da City vão cair, este ano, ao nível de 1998, segundo estudo recente do centro de pesquisas CEBR.

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“A maioria dos que trabalham no setor financeiro não admitem os problemas, porque isso poderia torná-los mais vulneráveis e suscetíveis de perder o emprego”, afirmou Cooper.

Essa síndrome de “depressão do executivo” vem sendo agravada pela impopularidade da profissão na opinião pública, escandalizada pelos colossais montantes de alguns bônus pagos aos dirigentes, num momento em que o restante do país é obrigado a apertar o cinto.

Além disso, os bancos são considerados responsáveis pela crise, uma vez que uma parte deles teve que ser resgatada com dinheiros dos próprios contribuintes.

“As pessoas não sentem nenhuma compaixão por eles”, confirma Cooper.

Em consequência, para fugir aos problemas, muitos dirigentes procuram “o pub depois do trabalho, com mais frequência do que deveriam”, assinalou o médico Michael Sinclair.

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“Mas, rapidamente, a solução se transforma em problema, principalmente se a pessoa passa, também, a ingerir drogas para se afastar dos dissabores, como a cocaína”, confessou ao Times um “corretor arrependido”, Geraint Anderson, que está ganhando fama como escritor, ao expor a falta de rumos de seu mundo.

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