Crime sexual: depoimento de vereador bolsonarista é colocado em xeque
Gabriel Monteiro (PL) foi ouvido no Conselho de Ética da Câmara de Vereadores onde responde a processo de cassação, nesta quinta-feira, 23
Acusado de assédio sexual contra funcionários, filmar relações sexuais com menor e usar pessoas em situação de rua para monetizar em seu canal no Youtube, o depoimento do vereador Gabriel Monteiro (PL) nesta quinta-feira, 23, ao Conselho de Ética da Câmara de Vereadores foi colocado em xeque. Na coletiva de imprensa sobre o processo de cassação contra Monteiro, que pode levá-lo à perda do cargo, o relator do procedimento, o vereador Chico Alencar, PSOL, taxou o relato como cheio de contradições e falta de respeito.
Um dos casos tratados como contraditórios citados por Alencar refere-se ao fato de um vídeo ter revelado que a equipe de Monteiro teria contratado um morador em situação de rua por R$ 400 para simular o furto da bolsa de uma moça que estaria esperando um Uber, na Lapa, Centro da Cidade. Na filmagem, o suposto assaltante foi abordado, de imediato, pelo parlamentar – sempre em frente às câmeras. Monteiro alega que o pagamento não foi realizado e que a gravação era um experimento social contra o feminicídio. “Experimento social é um conceito polêmico que acaba humilhando pessoas. É um experimento antissocial induzindo as pessoas a crimes, ainda que seja uma pegadinha. Gabriel Monteiro alegou que as televisões fazem isso, mas aí é um programa de espetáculo. Um mandato público tem outra dimensão de ética e decoro”, confrontou Alencar.
Alencar fez questão de lembrar ainda que Monteiro negou que soubesse que tinha filmado, com seu próprio celular, relações sexuais com uma menor de idade. “Mas a polícia e o Ministério Público dizem que ele sabia da idade dela. Monteiro disse que filmava as relações sexuais consensuais para se precaver de possíveis denúncias de estupro. Isso é muito singular”, ironizou Alencar. Monteiro foi denunciado pelo Ministério Público pela filmagem feita com a adolescente de 15 anos e é réu na justiça. Agora, o Conselho de Ética deve voltar a se reunir só em agosto, após o recesso parlamentar. No mesmo mês, Chico Alencar prometeu apresentar seu relatório final para o Conselho decidir se o processo de cassação deve ser levado para votação no plenário da Casa. São necessários os votos de, ao menos, 34 dos 51 vereadores para a perda do mandato.