Corregedoria investiga telefonema da central para guarda municipal que matou criança
Menino de 11 anos foi morto pela Guarda Civil Metropolitana de São Paulo após uma perseguição em 25 de junho, na Zona Leste da capital
Um diálogo gravado pela Central de Comunicação (Cetel) da Guarda Civil Metropolitana (GCM) chamou a atenção da Corregedoria da corporação e dos policiais civis que investigam a morte de um menino de 11 anos, em Cidade Tiradentes, na Zona Leste, em 25 de junho, após uma perseguição. No fim da ocorrência, depois de o garoto ter sido baleado e socorrido, um guarda da Cetel, via rádio, pediu o número do celular dos GCMs que participaram da perseguição. O procedimento está fora dos padrões da Guarda Civil e é investigado.
O secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, afirmou que a ação dos guardas está sendo investigada do início ao fim pela Corregedoria da GCM. “O motivo desse pedido e o que foi conversado também é investigado”, disse.
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No âmbito criminal, o caso é apurado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Os policiais estudam pedir à Justiça a quebra do sigilo telefônico dos guardas e intimar o GCM que pediu o número dos celulares para prestar depoimento.
Na versão dos policiais municipais, o menino e dois amigos de 14 anos furtaram um Chevette prata para ir à uma quermesse. Os guardas foram avisados por um entregador de pizza. Depois que o carro foi localizado, começou uma perseguição no bairro. O GCM Caio Muratori afirmou em depoimento que atirou quatro vezes contra o Chevette porque os ocupantes atiraram contra a viatura primeiro. Um tiro acertou um dos pneus do veículo e o outro, a cabeça do menino. Muratori foi autuado em flagrante sob a acusação de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), pagou fiança e responde às acusações em liberdade.
Para a promotora Soraia Bicudo Simões Munhoz, não há até agora na investigação indícios que sustentem a versão de Muratori. “Não há indícios de tiros de dentro para fora do carro ocupado pelos garotos, a arma que teria sido usada por eles não apareceu e não há nenhuma prova que justifique a reação deles”. Segundo Soraia, também chamou a atenção o comportamento dos GCMs durante a perseguição. “Durante o contato com a Cetel, eles não ligaram a sirene da viatura para perseguir o carro, não disseram à central que os ocupantes estavam atirando nem que eles mesmos revidaram. Quando foi constatado que o menino estava no carro baleado, eles também não avisaram. Quem fez isso foram os outros guardas que vieram no apoio”, contou.
(Com Estadão Conteúdo)