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Convento é disputado por governo e universidade do Rio

Por Da Redação
13 dez 2011, 15h40

Por Alfredo Junqueira

Rio (AE) – Uma das primeiras construções do período colonial no Rio de Janeiro, o Convento do Carmo está no centro de uma disputa judicial entre o governo fluminense e a Universidade Cândido Mendes. O local está fechado ao público desde agosto e sem previsão de reabertura.

Antiga sede da ordem dos carmelitas e residência da rainha D. Maria I, a Louca, quando da transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808, o monumento de três andares foi reintegrado ao Estado por decisão liminar da Justiça. O processo ainda está tramitando em primeira instância e a instituição de ensino, que cuidava do prédio desde 1902 e que mantinha a reitoria, uma galeria de arte e salas de aula no local, garante que quer retomar a posse do convento.

A construção do Convento do Carmo foi concluída em 1618. A ausência do claustro, elemento que marcava a arquitetura conventual da época, é uma das principais características do conjunto. Os carmelitas foram expulsos do local quando a família real chegou ao Rio e o imóvel virou residência da rainha de Portugal, D. Maria, a Louca, até a sua morte, em 1816.

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“A atual Praça XV testemunhou alguns passeios da rainha completamente nua pelo local. Ela saía correndo do convento e só poderia ser detida quando alguém da família real aparecia, uma vez que escravos não podiam encostar nela”, conta o coordenador dos Roteiros Geográficos do Rio da Universidade do Estado do Rio (Uerj), João Baptista Ferreira de Mello.

Junto com o Paço Imperial, o chafariz de Mestre Valentim, as igrejas de Nossa Senhora do Monte do Carmo e da Ordem Terceira do Carmo e o que restou do Arco dos Teles, o Convento do Carmo integra um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos da história do Brasil – apesar de ter sido descaracterizado por uma série de construções elevadas ao longo do século passado.

Os prédios delimitam a atual Praça XV, no Centro do Rio, um dos locais mais movimentados da cidade. Durante parte do período colonial e ao longo de toda a era do Brasil Império, a região foi sede administrativa e política do País. Até o início do século XX, a praça era o principal ponto de entrada no Rio.

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“A praça tinha a Justiça, o poder real, a administração pública e a Ordem do Carmo. Por sua importância, o largo foi o segundo local da cidade a ganhar um chafariz, na década de 1740. O local ganhou notoriedade e destaque também porque ficava ao lado do porto e a alfândega da cidade, além de ter uma concentração de grandes comerciantes na chamada Rua Direita (atual Avenida Primeiro de Março)”, explicou o arquiteto, historiador e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Nireu Cavalcanti.

Ao longo do século XIX, o convento foi perdendo parte de sua edificação. Dois passadiços que o ligavam ao Paço Imperial e à Igreja do Carmo foram derrubados. Após a proclamação da República, em 1889, o convento passou a ser sede de diversas repartições até ser cedida à Sociedade Brasileira de Instrução (SBI), atual mantenedora da Universidade Cândido Mendes.

Para Nireu Cavalcanti, a cessão e a permissão para que a instituição de ensino erguesse um prédio de 42 andares no local em que funcionava o pátio do convento foi um dos maiores “crimes” urbanísticos cometidos no Rio. “Aquilo é uma coisa deprimente. Quebrou toda a proporção, harmonia e grandeza desse imóvel que é o mais antigo da área”, afirmou Cavalvanti.

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De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura, ainda não há previsão de reabertura da antiga sede dos carmelitas, mas pretende fazer do prédio histórico sua nova sede administrativa. Um projeto de lei em fase final de tramitação na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no entanto, pretende vedar a instalação de repartições públicas no local. O objetivo é garantir que o convento receba apenas “atividades culturais compatíveis com a preservação de seu valor histórico e cultural”.

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