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Conheça o arsenal de guerra da maior milícia do país

Apreensão inédita da contabilidade do bando revela que quadrilha tem 39 fuzis, entre eles AR-15, arma capaz de atingir alvo a uma distância de 600 metros

Por Adriana Cruz 25 jun 2022, 08h00

Considerada a maior milícia do país, o Bonde do Zinho tem um verdadeiro arsenal de guerra para subjugar moradores, comerciantes e empresários em boa parte da Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde fincou domínio em dezesseis bairros, ocupados por mais de 1 milhão de habitantes. A apreensão inédita de documentos contábeis da quadrilha, a que VEJA teve acesso, registram em uma lista que os criminosos têm 39 fuzis, dos quais 20 são do modelo americano AR-15, capazes de atingir alvos a uma distância de 600 metros. Há ainda fuzis automáticos leves e Ak-47, arma russa, considerada a mais versátil do mundo. As anotações em livros-caixa, dezesseis pen drives e um HD de computador, recolhidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil, expõem ainda pagamentos de gigantes do mercado imobiliário, a MRV, Tenda e Direcional em um total de 178 000 reais por mês para executarem as suas obras. Outros 58 000 reais aparecem sob a rubrica “empreiteiros”. As três empresas negam os pagamentos à milícia.

Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, é quem figura no topo da hierarquia da estrutura mafiosa, que conta com a participação de policiais e ex-policiais. Zinho é irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em operação policial em junho do ano passado, que comandava a organização então chamada de Bonde do Ecko. Mas, para garantir território e a expansão de seus negócios, Zinho trava uma guerra sangrenta com outro criminoso: Danilo Dias Lima, o Tandera. Em fevereiro, um ataque demonstrou também o poder de fogo do rival de Zinho: foram mais de 100 tiros, em Santa Cruz, Zona Oeste, bairro cobiçado pelos chefes. A ação resultou nas mortes do miliciano e homem de confiança de Zinho, Vladimir Melgaço Montenegro,o Bibi, e de sua namorada, Marianna Jaime da Costa. Os tiros atingiram ainda uma fachada de um supermercado do local.

A milícia no Rio de Janeiro nasceu como uma espécie de grupo do “bem” antagonista do banditismo. O primeiro modelo foi criado, na década de 60, em Rio a Pedras, um bairro da Zona Oeste, reduto de nordestinos, considerado o berço do grupo paramilitar no Brasil, formado para evitar a invasão de traficantes e punir crimes sexuais praticados por moradores da comunidade. A estratégia marcada pela exploração econômica, principalmente com o crescimento do tráfico de drogas, incentivou a geração de outros grupos chefiados por agentes públicos.

Na evolução do modo de atuação dos milicianos policiais e ex-policiais perderam protagonismo no primeiro escalão para os cooptados nas regiões. E mais: traficantes, considerados antigos inimigos, se transformaram em aliados de parte das quadrilhas, como a do Bonde do Zinho, e mesmo aqueles que não se uniram, passaram a utilizar os mesmos métodos de cobrança de taxas a prestadores de serviço em suas áreas. Legislação mais dura para milicianos e traficantes é defendida pelo antropólogo e capitão veterano do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da Polícia Militar, Paulo Storani. “Pegou em arma e invadiu território, têm que ter tratamento penal mais duro. É preciso tirar os benefícios, como as progressões de regime, que permitem a saída da prisão. Senão, parece que a lei não serve para nada. Se um criminoso foi preso com um fuzil e tem ficha limpa, sai da cadeia rapidinho para responder o crime em liberdade e volta para o bando”, criticou Paulo Storani.

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