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Conexão África

A PF suspeita que o ex-presidente Lula tenha recebido benefícios por meio de contratos assinados em Angola entre a Odebrecht e seu sobrinho, o charuteiro da foto

Por Thiago Bronzatto
23 Maio 2016, 08h31

Taiguara Rodrigues dos Santos era conhecido apenas como o sobrinho famoso do ex-presidente Lula. A fama vinha das fotos que ele postava nas redes sociais e, principalmente, de seu tino comercial. Em curtíssimo espaço de tempo, o rapaz se transmutou de vidraceiro falido em empreiteiro milionário. A receita do milagre é conhecida desde que VEJA publicou uma reportagem sobre o assunto em março do ano passado. A apuração da revista mostrou que Taiguara, Lula e a Odebrecht se associaram num grande negócio. Taiguara, mesmo sem experiência no ramo, foi contratado para participar de um projeto de uma usina hidrelétrica em Angola, onde a empreiteira possui obras financiadas pelo BNDES. Sua empresa, a Exergia, fechou contratos de 26 milhões de reais com a Odebrecht no país africano, segundo os investigadores. Na sexta-­feira passada, o sobrinho foi conduzido coercitivamente à Polícia Federal. Os investigadores já sabem que Taiguara embolsou uma fortuna, mas não prestou serviço algum – o que não é exatamente o caso do ex-presidente.

O inquérito tem como foco “os benefícios indiretamente recebidos por Lula, provenientes da construtora Odebrecht, tendo por intermediário Taiguara Rodrigues dos Santos, como contrapartida do lobby realizado pelo ex-presidente”, revelam documentos da PF obtidos por VEJA. Filho do irmão da primeira mulher de Lula, Taiguara teve uma ascensão financeira meteórica com os contratos angolanos da Odebrecht. Os peritos analisaram os acordos entre Taiguara e a empreiteira e cruzaram as informações com dados das viagens de Lula à África. Há uma perfeita sincronia de movimentos de três tipos: a assinatura dos contratos com a Exergia, a liberação de dinheiro do BNDES para a Odebrecht em Angola e as visitas de Lula ao país africano.

Em entrevista a VEJA, os procuradores do caso, Ivan Cláudio Marx e Luciana Loureiro, contam que a investigação apura se Lula recebeu algum benefício pessoal ao promover o encontro de interesses de governos estrangeiros, Odebrecht e financiamento do BNDES. Uma das suspeitas é que Taiguara tenha sido utilizado como um canal de repasse de recursos da empreiteira. “A participação de Lula nesse esquema é muito clara. Falta definir a dimensão”, diz o procurador Ivan Marx. O ex-presidente, por enquanto, é investigado apenas por tráfico de influência. Se comprovadas as conexões de suas viagens ao exterior com o sucesso financeiro do sobrinho milionário, o ex-presidente poderá ser acusado também de corrupção.

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