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Como a polícia chegou aos sequestradores da sogra de Ecclestone

Investigadores consideraram como amadora atuação dos criminosos; confira fotos dos instantes que antecederam o sequestro

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Kalleo Coura Atualizado em 3 ago 2016, 12h04 - Publicado em 2 ago 2016, 23h26

No dia 22 de julho, por volta do meio dia, dois amigos caminham tranquilamente pela rua de uma área chique de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. De agasalho vermelho, Vitor Oliveira Amorim, de 19 anos, carrega uma caixa de madeira. Ao seu lado, Davi Vicente Azevedo, de 23 anos, leva uma prancheta. Os utensílios fazem parte do disfarce para o sequestro que estavam tramando há oito meses. Ao parar em frente a um portão branco, anunciam no interfone que vieram entregar uma encomenda. Poucos minutos depois, aparece Aparecida Schunk Flosi Palmeira, de 67 anos, sogra do chefão bilionário da Fórmula 1 Bernie Ecclestone – ela estava esperando a entrega de móveis comprados pela filha. Sem o uso de armas, os dois largam os objetos, agarram a mulher e a empurram para dentro. Duas empregadas são feitas reféns. Sete câmeras instaladas dentro da casa gravam a cena de vários ângulos. É a primeira pista usada pela polícia para identificar os suspeitos.

Instantes depois, um motoboy chega para fazer uma entrega – esta de verdade. Deixando a porta entreaberta, uma das empregadas o atende aparentando normalidade. No vídeo, Azevedo aparece ao lado a pressionando, fora do campo de visão do entregador. Depois do imprevisto, eles retomam o sequestro: colocam Aparecida dentro de sua própria SUV e saem assim como chegaram – tranquilamente. Uma hora depois, trocam de carros em um lugar próximo à rodovia Raposo Tavares. Encapuzada, Aparecida é colocada no banco de trás de um Fiesta. No painel do veículo abandonado, Amorim e Azevedo deixam impressões digitais e a placa do Fiesta é registrada por câmeras de segurança – a segunda e a terceira pistas. As peças do quebra-cabeça se encaixam e os agentes da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil de São Paulo chegam ao primeiro nome – Azevedo. Mais conhecido como Playboy, ele era fichado por roubo. Seu comparsa, Amorim, era procurado da Justiça por receptação e apontado como gerente de uma biqueira numa favela de Cotia, na Grande São Paulo.

Com os rastros, os investigadores liderados pelos delegados Fábio Nelson Fernandes e Rodolpho Chiarelli conseguem, em nove dias, estourar o cativeiro, em Cotia, e socorrer Aparecida com vida, sem que fosse preciso o pagamento cobrado pelos criminosos. Aliás, o maior resgate já pedido no país por crimes desse tipo. Em oito e-mails, os sequestradores exigiram 110 milhões de euros, 5 milhões de dólares e 5 milhões de reais, o que equivale ao todo a 422,5 milhões de reais, segundo a cotação desta terça-feira. Conforme as instruções passadas pelo correio eletrônico, o dinheiro deveria ser entregue em oito sacolas por três helicópteros que deveriam pousar num terreno em Jundiaí, no interior de São Paulo. O telefone dos pilotos e o registro das aeronaves deveriam ser informado aos criminosos. A polícia suspeita de que quem negociava com a família era o empresário Jorge Eurico da Silva Faria, apontado como o mentor crime – ele foi preso nesta segunda-feira no condomínio de luxo onde morava, em Cotia. Conhecido como comandante Faria, ele é piloto de helicóptero e próximo da família da sequestrada. Sua empresa, o grupo JF, fornecia suporte aéreo para o GP Brasil da Fórmula 1 e para Ecclestone, quando o empresário visitava o país. E entre seus amigos do Facebook está Aparecida.

Nesta terça-feira, a Justiça de São Paulo determinou a prisão preventiva de Jorge Faria, Amorim e Azevedo com base nos indícios levantados pelos investigadores – o trio havia sido preso inicialmente em flagrante por extorsão mediante sequestro. Uma quarta pessoa que seria o elo entre o empresário e os sequestradores ainda é procurada pela polícia. A principal prova levantada contra o piloto são ligações feitas para um número que também aparece nos celulares de Amorim e Azevedo. Em depoimento à polícia, ele negou envolvimento no sequestro, enquanto Amorim confessou o crime e o reconheceu como mandante. “Eles eram completamente amadores. Só pelo valor pedido, o caso é rocambolesco”, disse um dos investigadores ao site de VEJA.

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