Comércio recua 0,1% em maio e fica próximo da estabilidade
Segundo a gerente da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, incerteza econômica faz com que vendas não avancem
O volume de vendas no comércio brasileiro recuou 0,1% em maio, informou nesta quinta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, o comércio acumula alta de 0,7%, com crescimento de 1,3%.
Apesar do acumulado positivo, o IBGE não faz uma leitura animadora dos dados. Segundo a gerente da Pesquisa Mensal do Comércio, Isabella Nunes, é como se o ano de 2019 não tivesse começado para o varejo, devido ao alto nível de incerteza dos empresários em relação aos investimentos futuros e ao mercado de trabalho. Isso se reflete, por exemplo, no indicador acumulado em doze meses, que permanece estável há três meses.
“Embora com maior estabilidade do mercado de trabalho, são 13 milhões de desempregados e 28,5 milhões de subutilizados. A população ocupada está crescendo, mas esse aumento é explicado pela informalidade, então a qualidade de renda é baixa para o consumo se estender para além de atividades que não sejam básicas”, destaca Isabella.
No mês, duas das oitos atividades do comércio ficaram negativas, pressionando o índice para baixo. O item ‘outros artigos de uso pessoal e doméstico’, que abrange as vendas pela internet, caiu 1,4%, em maio, pelo segundo mês consecutivo, acumulando -2%. Já ‘combustíveis e lubrificantes’ teve queda de 0,8%, após alta de 0,6% em abril, praticamente descontando esse crescimento.
O setor de hipermercados e supermercados, que tem o maior peso na pesquisa, em torno de 50% no índice, voltou a crescer, 1,4%, após retração de 3,5% entre fevereiro e abril. “Esse crescimento pode estar associado à redução de inflação dos alimentos no domicílio, de -0,89% registrada pelo IPCA no mês”, afirma Isabella.
No setor varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e materiais de construção, a alta é de 0,2% em maio e de 6,4% na comparação com maio de 2018, refletindo os bons resultados de veículos (22,3%) e de material de construção (11,6%).
“Por conta da crise econômica na Argentina e da redução de exportações para o país, houve um movimento interno de escoamento da produção com melhoria das condições de financiamento [de veículos]”, explica Isabella. A pesquisadora acrescentou que o volume de crédito para pessoas jurídicas para aquisição de veículos cresceu de 1,7 bilhão de reais para 3 bilhões de reais, entre maio 2018/2019, segundo dados do Banco Central.
Regionalmente, 16 das 27 unidades da federação tiveram resultados positivos no comércio varejista, com destaque para Amapá (8,1%). Entre os estados que apresentaram maiores reduções nas vendas estão Minas Gerais (-1,5%), Roraima e Rio de Janeiro (ambos com -1,4%).