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Com desconfiança, moradores da Mangueira recebem a 18ª UPP

População festeja investimento de 100 milhões de reais, anunciado pelo governador com parte do PAC. Mas o medo é da volta de traficantes depois da Copa e das Olimpíadas

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 nov 2011, 17h49

“Durante anos na quadra da Mangueira a bandidagem entrava e saia armada, determinava como ia funcionar a escola e até chegava a escolher o samba enredo vitorioso. Era como se isso fosse a vida normal do Rio”, afirmou Sérgio Cabral

Após décadas controlada por traficantes, a Mangueira, morro que abriga a escola de samba mais famosa do Brasil, recebeu nesta uinta-feira os 403 policiais militares que comporão a18ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro. Desde junho, a favela estava ocupada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, que, segundo contam moradores, conseguiram reduzir a quantidade de bandidos circulando pelas ruelas.

O longo período em poder dos bandidos deixa a população ainda receosa. Na inauguração da nova UPP os adultos demonstraram reações contidas. “O que vai acontecer quando acabar a Copa e as Olimpíadas? Será que vai continuar o mesmo empenho? Se tirar a polícia, já era”, disse um morador de 37 anos, que preferiu não se identificar.

O governador Sérgio Cabral levou seu secretariado à inauguração. “Agora há só um comando, o da paz”, disse o governador, repetindo uma das frases de efeito usadas em eventos do gênero.. Enquanto discursava, policiais do Bope posicionados estrategicamente em algumas lajes sinalizavam que o território ainda não está tão seguro quanto pregou Cabral. Torcedor da Mangueira, o governador chegou a sambar com as passistas da escola no palco. Antes disso, reafirmou que, agora, a Verde-e-rosa está livre dos desmandos do tráfico. “Durante anos na quadra da Mangueira a bandidagem entrava e saia armada, determinava como ia funcionar a escola e até chegava a escolher o samba enredo vitorioso. Era como se isso fosse a vida normal do Rio”, afirmou.

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Um dos momentos em que a população teve reação mais positiva foi quando Cabral avisou um investimento de mais de 100 milhões em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Vamos investir cada vez mais aqui”, afirmou.

O clima, no entanto, era de constrangimento no palco. O comandante da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, dividiu o espaço com o deputado estadual Chiquinho da Mangueira, do PMDB. Em 2003, um grande mal-estar foi criado entre os dois: Chiquinho pediu a Costa Filho que as operações policiais parassem na favela. O policial chegou a ser exonerado na ocasião, quando espalhou para a imprensa a pressão do deputado sobre a corporação.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, relembrou o caso durante a inauguração da UPP. “Quero parabenizar os policiais e em especial o Costa Filho que sofreu constrangimentos aqui. É motivo de orgulho tê-lo à frente da corporação”, disse Beltrame, que desejou um excelente convívio entre moradores e policiais. O comandante Costa Filho não optou por não falar sobre o caso. “Isso é passado”, avisou. O comandante preferiu, em seu discurso, fazer um alerta aos policiais: “Os novos PMs têm que saber a importância da UPP. E saber que um ato errôneo pode levar o projeto para o lixo.”

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Cabral, por sua vez, tratou Chiquinho da Mangueira com afago. Chegou a chamá-lo de “querido amigo” e elogiou o trabalho “bonito” que o deputado fez na Vila Olímpica da localidade.

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