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Com avanço da febre amarela, certificado de viagem tem restrição

Há preocupação da OMS com o avanço da doença por outros países da América do Sul; imunização deve ocorrer pelo menos dez dias antes da viagem

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 18 jan 2018, 13h10 - Publicado em 17 jan 2018, 11h32

China, Cuba e Emirados Árabes estão entre os destinos de quem aguardava na terça-feira 16 por atendimento no Centro de Orientação do Viajante do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital. Por volta das 11 horas, cerca de trinta pessoas estavam no local para emitir o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia de febre amarela. Cartazes na entrada já avisavam: “O CIVP somente será emitido para os viajantes que se destinam a países que exigem (o documento)”.

Por enfrentar um aumento na procura, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restringiu a emissão do certificado apenas para quem comprovar ter viagem marcada para um país que exige o documento. O atendimento prioritário é para as pessoas que fizeram agendamento on-line (no caso de Congonhas, há datas disponíveis apenas para o fim de março).

A capital tem oito postos de emissão do (CIVP). Com exceção do localizado em Congonhas, os demais também aplicam a vacina e, por isso, têm apresentado maior procura — grande parte por pessoas que não vão viajar. No Emílio Ribas, na Zona Oeste, por exemplo, a aplicação ocorre mediante agendamento há quase um ano. Na terça-feira havia datas disponíveis apenas a partir de abril. “Vinha mais pessoas do que a gente poderia atender. Tinha filas pela (Avenida) Doutor Arnaldo e pelo estacionamento”, comenta o diretor, Luiz Carlos Pereira Junior.

Também na Zona Oeste, o Hospital de Clínicas optou por distribuir 500 senhas para conter a fila que se acumulava pela manhã. Elas se esgotaram por volta das 10 horas e quem chegava mais tarde era orientado a procurar uma UBS ou retornar na manhã do dia seguinte. “Trata-se de uma medida pontual para organizar a demanda”, explicou por meio de nota.

De acordo com o hospital, os funcionários “em assistência direta” estão sendo vacinados prioritariamente, embora a reportagem tenha encontrado pessoas do setor de enfermaria na fila da imunização. “Quando tem campanha de gripe, somos sempre vacinados uma semana antes”, relatou uma funcionária que não se identificou.

A fila do HC também reunia estrangeiros, como o turista português Pedro Vieira, de 69 anos. Ele está desde domingo na casa da sobrinha Susana Maia, de 60, no Jaraguá, Zona Norte de São Paulo. “Não esperava passar por esse problema. Lá (no Canadá onde mora) não há febre amarela. Poderiam ter avisado antes da viagem.”

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OMS

Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar todo o território de São Paulo como área de risco de febre amarela e recomendou que todos os estrangeiros que façam viagens à região estejam vacinados. A imunização deve ocorrer pelo menos dez dias antes da viagem. Há preocupação da OMS ainda com a exportação de casos para outros estados e países.

O temor da OMS é com o avanço da doença pela América do Sul. O governo em Buenos Aires já chegou a colocar em seu site oficial alertas sobre o risco de febre amarela para quem viajar neste ano ao Brasil. “Recomenda-se especialmente a consulta a um médico para avaliar a necessidade de vacinação”, diz o site do governo argentino.

Na avaliação dos técnicos da instituição, surtos no passado mostraram que a doença pode chegar com certa rapidez a novas regiões. Dois fatores estariam pesando para a proliferação da doença: a falta de imunização e um clima propício em regiões antes poupadas pela febre amarela.

A OMS lembra que, em 9 de setembro, “o governo brasileiro declarou que a temporada de atividade do vírus da febre amarela tinha acabado”. Mas a doença voltaria com força depois do inverno, com 358 casos registrados em animais. Em 8 de janeiro, 687 casos estavam sob investigação em animais de dezessete estados. Outros 92 relatos adicionais em humanos se encontram sob investigação em  quinze estados e no Distrito Federal.

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A decisão da OMS de incluir todo o Estado de São Paulo na classificação de risco atende a uma estratégia para forçar a vacinação e, assim, tentar criar uma espécie de cinturão para reduzir o ritmo de proliferação. A nova classificação de São Paulo se soma a zonas de risco de contaminação no norte do Rio, sul da Bahia, além do Espírito Santo. Tradicionalmente, os estados do Centro-Oeste e do Norte faziam parte da classificação de risco.

De 26 de dezembro a 14 de janeiro, os registros de casos suspeitos avançaram 42% no Brasil. Na última semana de dezembro, haviam sido contabilizados 330 relatos em investigação. Na segunda-feira 15, as notificações chegavam a 470. O número de infecções confirmadas é quase nove vezes maior, passando de quatro para 35. O registro de mortes foi de uma para vinte.

Os novos casos de febre amarela apresentam alta taxa de letalidade. Dos 35 confirmados, vinte evoluíram para o óbito. Questionado, o Ministério da Saúde disse que as mortes ocorreram por demora na procura dos serviços de atendimento médico. O governo federal ainda evita falar em surto e diz que a mudança estabelecida pela OMS não altera a estratégia nacional e foi feita em consonância com as autoridades brasileiras por um “excesso de zelo”.

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