Coleta seletiva é exceção nos municípios brasileiros
Pouco mais de 32% das administrações municipais desenvolvem programa, projeto ou ação específica para a reciclagem de lixo, destaca estudo do IBGE
A infraestrutura de saneamento básico ainda é um objetivo a ser alcançado pela sociedade brasileira, em especial no que se refere à coleta seletiva de lixo. A observação é um dos destaques da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) de 2011 do IBGE, divulgada nesta terça-feira. O levantamento constatou que apenas 32,3% dos municípios brasileiros têm um programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade, mas em 42,7% das cidades não há nenhuma iniciativa nesse sentido, nem a sinalização de que ela começará a ser elaborada. Em 2,5% das cidades, a coleta chegou a existir e está interrompida. Há projeto em fase de desenvolvimento em 19,2% das administrações municipais, e em 3,3%, um projeto piloto começa a ser aplicado em área restrita.
A região Sul é a que possui a maior proporção de municípios com programa de coleta seletiva em atividade, 55,8%, seguida da região Sudeste, com 41,5%. Por outro lado, Norte e Nordeste têm as maiores proporções de municípios sem nenhum programa, 62,8% e 62,3%, respectivamente. No Centro-Oeste, a maioria das cidades também não desenvolve nenhuma atividade neste sentido.
A pesquisa também identificou a existência de cooperativas e/ou associações de catadores de materiais recicláveis em 30,7% das cidades brasileiras. Ainda assim, em 36,2% delas, a participação desses trabalhadores na coleta seletiva se dá de maneira informal, e em apenas 14,8% o serviço é realizado em parceria com a prefeitura. “Apesar do importante papel social e ambiental que os catadores exercem, a atividade ainda sofre com a insalubridade, a estigmatização, o desprestígio social e a baixa remuneração”, destaca o texto da pesquisa.
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Água – No que se refere ao saneamento básico em geral, o Brasil também não tem do que se orgulhar: 60,5% dos municípios não executam qualquer acompanhamento em relação ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e/ou drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, mostra a Munic 2011. O levantamento também aponta que em 47,8% das prefeituras não há órgão responsável pela fiscalização da qualidade da água – isso porque em 90% das cidades a cobertura de abastecimento de água é atendida por empresas estaduais, explica o IBGE.