Chuvas deixaram 1,4 milhão de brasileiros fora de casa entre 2008 e 2012
Perfil dos Municípios Brasileiros, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE. revela que 48% das cidades não têm ações de gestão de risco
Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
30 abr 2014, 11h11
Chuva causa alagamento na Avenida João Dias esquina com a Avenida Maria Coelho Aguiar, região sul de São Paulo, nesta quarta-feira (12) Dario Oliveira/Futura Press/VEJA
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Enfrentar o período de chuvas ainda é um desafio para as cidades brasileiras. Entre 2008 e 2012, enchentes deixaram 1,4 milhão de pessoas fora de casa no país. O levantamento está na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2013) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira. Nesse período, 1.543 municípios (27,7% das cidades do país) foram afetados por chuvas que deixaram moradores desabrigados e desalojados.
As regiões Sudeste e Sul foram as mais afetadas por alagamentos, com, respectivamente, 45,2% e 43,5% das cidades foram atingidas por problemas relacionados às chuvas. No Rio de Janeiro, 88% das cidades foram abaladas. Alagamentos atingiram 2.065 cidades, ou 37,1% dos municípios do país.
A pesquisa também traça um diagnóstico do planejamento de prefeituras contra esse tipo de desastre natural. E o retrato exibe o descaso que administrações municipais reservam a esse risco. Em 2012, apenas 33% dos municípios tinham algum instrumento de gerenciamento de desastres decorrentes de enchentes e enxurradas. Só 21,1% tinham instrumento para administrar deslizamentos de terra.
O diagnóstico do IBGE é de que os governos negligenciam o a gestão de riscos. Quase metade – 48% – dos municípios não realizavam qualquer tipo de ação preventiva em 2012.
De acordo com o levantamento, 895 municípios foram atingidos por escorregamentos ou deslizamentos de terra. A principal causa foi a infiltração de água das chuvas combinada com mudanças nas condições naturais do relevo. Quando se refere a essa mudanças nas condições naturais, o IBGE cita a construção de moradias, rodovias, aterros e outras obras.
1/18 Enchente na cidade de Governador Valadares, Minas Gerais (Daniel Antunes/Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
2/18 Alagamento em Juatuba provocado pela cheia do rio Paraopeba, Minas Gerais (Douglas Magno/News Free/Folhapress/VEJA)
3/18 Bombeiros resgatam corpo de taxista sob escombros de rodoviária, em Minas Gerais (Samuel Aguiar/O Tempo/Folhapress/VEJA)
4/18 Um grande deslizamento de terra atingiu a rodoviária de Ouro Preto, região central do estado de Minas Gerais (Eduardo Tropia/Ouropress/O Tempo/Folhapress/VEJA)
5/18 Em Ouro Preto, deslizamento de terra que causou a quinta vítima das fortes chuvas que atingem Minas Gerais (Eduardo Tropia/Ouropress/EFE/VEJA)
6/18 Pessoa observa um grande deslizamento de terra causado por chuvas em Ouro Preto, Minas Gerais (Antonio Cruz/EFE/VEJA)
7/18 Um grande deslizamento de terra atingiu a rodoviária de Ouro Preto, região central do estado de Minas Gerais (Eduardo Tropia/Ouropress/O Tempo/Folhapress/VEJA)
8/18 Cratera de oito metros de profundidade e cerca de 20 metros de comprimento que se abriu após o asfalto ceder na altura do quilômetro 25 da rodovia MG-10 em Vespasiano, Minas Gerais (Renato Cobucci/Hoje em dia/Folhapress/VEJA)
9/18 Moradores da cidade de Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte, fazem rescaldo após chuva. O Rio das Velhas transbordou e invadiu casas em quatro bairros da cidade (Charles Silva Duarte/O Tempo/Folhapress/VEJA)
10/18 Um prédio residencial de dois andares desabou no início da madrugada desta segunda-feira no bairro Caiçara, região noroeste de Belo Horizonte, deixando ao menos uma pessoa morta (Renato Cobucci/Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
11/18 Um prédio residencial de dois andares desabou no início da madrugada desta segunda-feira no bairro Caiçara, região noroeste de Belo Horizonte, deixando ao menos uma pessoa morta (Renato Cobucci/Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
12/18 Chuva causa estragos na cidade de Florestal, Minas Gerais (Douglas Magno/News Free/Folhapress/VEJA)
13/18 Chuva causa estragos na cidade de Florestal, Minas Gerais (Douglas Magno/News Free/Folhapress/VEJA)
14/18 Chuva causa transtornos em Belo Horizonte (Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
15/18 Chuva provoca transtornos em Belo Horizonte. Na foto, o Rio Arrudas, próximo ao bairro Granja de Freitas (Frederico Haikal/Jornal Hoje em Dia / Folhapress/VEJA)
16/18 Estragos causados pelas chuvas no bairro Santa Terezinha, em Belo Horizonte (Carlos Roberto/Hoje em Dia/AE/VEJA)
17/18 O ribeirão Camarão, que deságua no rio Paraopeba, transbordou e alagou varias casas em Florestal , na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), na madrugada deste sábado. (Alex de Jesus / O Tempo / Ag. O Globo/VEJA)
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Alagamento na avenida no bairro Primeiro de Maio, região norte de Belo Horizonte, em Minas Gerais (Agência Nitro/AE/VEJA)
Meio ambiente – Em contraste com os números ainda modestos dos mecanismos das cidades para prevenir ou gerenciar desastres, a Munic 2013 constatou que 90% das cidades tinham, em 2013, algum órgão municipal para tratar da área ambiental. Houve crescimento acentuado nesse setor nos 11 anos que precederam a pesquisa. Em 2002, esse porcentual era 67,8%, e em 2009, 84,5%.
Entre as grandes regiões, o porcentual mais alto de cidades com instrumentos para a área ambiental em 2013 estava no Norte: 98%. Em seguida, vieram Sul (95%), Centro-Oeste (92,3%), Sudeste (89%) e Nordeste (85,2%). Só três Estados contavam em 2013 com estruturas ambientais municipais em todas as suas cidades: Acre (22), Amapá (16) e Espírito Santo (78).
“Considerando-se o universo dos municípios com algum tipo de estrutura ambiental, nota-se que predominam aqueles em que o órgão responsável pela área de meio ambiente tem status de secretaria exclusiva ou em conjunto com outras políticas setoriais (81,3%)”, diz a pesquisa. “(…), observa-se a existência de órgão responsável pela área de meio ambiente do tipo setor subordinado a outra secretaria (13%), setor subordinado diretamente à chefia do Executivo municipal (4,4%) e órgão da administração indireta (1,3%)”.
A pesquisa também diz que, em 2013, 21,5% dos municípios já elaboravam a Agenda 21. Trata-se de um programa de ação estratégico voltado para o desenvolvimento sustentável por meio de políticas públicas. Houve crescimento em relação a 2009 (19,9%) e 2012 (18,1%), mas recuo em relação a 2002 (29,7%). O trabalho também apontou que 38,5% (3.149) dos municípios tinham em 2013 gestores que tinham aderido à Agenda de Compromissos dos Objetivos do Milênio. Dos oito, o que conseguiu mais apoio foi Educação Básica de Qualidade para Todos. Obteve a adesão de 34,45% (1975) dos gestores municipais.
Mulheres – Apenas 12,11% (675) dos municípios tinham, em 2013, prefeitas. Dessas cidades com chefes do Executivo do sexo feminino, 493 (73%) não tinham em 2013 nenhum órgão público dedicado a política de mulheres. É um pouco pior que o porcentual nacional. A pesquisa mostra que 4.037 (72,5%) das 5.570 prefeituras do País não tinham secretaria ou ao menos um setor subordinado a pasta que lide com o tema.
Ter uma prefeita não se mostrava, em 2013, garantia de que a prefeitura teria órgão voltado para gênero. O Rio Grande do Norte era em 2013 o Estado com maior proporção de prefeitas (21,6%). Depois, vinham Paraíba (21,1%) e Roraima (20%). São Paulo (12,1%) estava abaixo da média do Brasil (12,1%). O Acre era o único Estado brasileiro sem prefeitas.
(Com Estadão Conteúdo)
1/18 Centro de doações voltado para vítimas atingidas pelas forte chuvas da região, no Ginásio Tartarugão, em Vila Velha (ES), nesta quinta-feira (26) (Alex Gouvêa/Futura Press/VEJA)
2/18 Enchente nas ruas de Vila Velha (Nelson Antoine/Fotoarena/VEJA)
3/18 Estragos provocados pela chuva em Serra (Nelson Antoine/Fotoarena/VEJA)
4/18 Enchente nas ruas de Vila Velha (Mister Shadow/ASI/Sigmapress/Folhapress/VEJA)
5/18 Chuva causa estragos e alagamentos Bairro Parque das Gaivotas na cidade de Vila Velha, Espírito Santo (Alex Gouvêa/Futura Press/Folhapress/VEJA)
6/18 Pessoas atravessam rua de barco devido ao transbordamento de rios causado pelas fortes chuvas no municipio de Serra, próximo a Vitória, Espírito Santo (Nelson Antoine/Fotoarena/VEJA)
7/18 Homem atravessa rua alagada no bairro de Nova Itaparica, no Espírito Santo (Vinicius Moraes/Fotoarena/VEJA)
8/18 Mulher atravessa rua alagada no bairro de Nova Itaparica, no Espírito Santo (Vinicius Moraes/Fotoarena/VEJA)
9/18 Estragos causados pela forte chuva que atingiu a região de Governador Valadares, no interior de Minas Gerais (Eugenio Moraes/Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
10/18 Estragos causados pela forte chuva que atingiu a região de Governador Valadares, no interior de Minas Gerais (Eugenio Moraes/Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
11/18 Deslizamento de terra devido as fortes chuvas em Sardoá, no Vale do Rio Doce, no leste de Minas Gerais (Eugênio Moraes/Hoje em Dia/Folhapress/VEJA)
12/18 Imagem cedida pela prefeitura de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, mostra moradores caminhando por ruas alagadas em consequência das fortes chuvas que atingem o estado (Fabricio Ribeiro/Prefeitura Santa Maria de Jetibá/EFE/VEJA)
13/18 Imagem cedida pela prefeitura de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, mostra um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas que atingem o estado (Fabricio Ribeiro/Prefeitura Santa Maria de Jetibá/EFE/VEJA)
14/18 Imagem cedida pela secretaria de Comunicação do estado do Espírito Santo, mostra área afetada por inudações após fortes chuvas (Secom/ES/EFE/VEJA)
15/18 Imagem cedida pela prefeitura de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, mostra uma equipe da Defesa Civil ajudando uma família a fugir das inundações provocadas pelas fortes chuvas que atingem o estado (Fabricio Ribeiro/Prefeitura Santa Maria de Jetibá/EFE/VEJA)
16/18 Imagem aérea cedida pela prefeitura de Vila Velha, mostra as regiões afetadas pelas chuvas na cidade do estado do Espírito Santo (Alexandre Alvares/Prefeitura Vila Velha/EFE/VEJA)
17/18 Imagem cedida pela prefeitura de Vila Velha, mostra um homem em uma embarcação improvisada pelas ruas inundadas do Jardim Garanhuns, afetadas pelas fortes chuvas que atingem estado do Espírito Santo (Camila Vargas/SEMCOM/Prefeitura de Vila Velha/EFE/VEJA)
18/18 Imagem aérea cedida pela prefeitura de Vila Velha, mostra as regiões afetadas pelas chuvas na cidade do estado do Espírito Santo (Alexandre Alvares/Prefeitura Vila Velha/EFE/VEJA)
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