Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Chuva de balas perdidas fere 19 e deixa três mortos

Na Rocinha, ocupada por uma UPP, Adrienne Solan, de 21 anos, foi a terceira vítima em duas semanas. No Alemão, confrontos deixaram três PMs feridos

Por Leslie Leitão 26 jan 2015, 17h03

(Atualizada às 21h25)

Muito além da explosão dos índices de violência (homicídios e assaltos, em especial) que vêm crescendo ano a ano, um dos maiores temores do cidadão fluminense são as balas perdidas. Pois, no faroeste carioca, a chuva de tiros vem fazendo vítimas quase diariamente nas duas últimas semanas. A mais recente tragédia aconteceu na Favela da Rocinha, que desde outubro de 2012 tem uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) com seu maior efetivo policial de todo o Estado. Na noite deste domingo, Adrienne Solan do Nascimento, de 21 anos, ficou no meio de um tiroteio entre policiais e traficantes e acabou ferida no peito e no braço. Levada para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, ela acabou morrendo. Desde o último dia 14, a jovem foi a terceira vítima fatal de balas perdidas no Rio de Janeiro – que já tinham matado a pequena Larissa de Carvalho, de 4 anos, em Bangu, e o menino Asafe William Costa de Ibrahim, de 9, dentro da piscina do Sesi, em Honório Gurgel. Neste mesmo período, um levantamento feito pelo site de VEJA indica que outras 18 pessoas ficaram feridas no fogo cruzado carioca.

Leia também:

A 13ª vítima: mulher é atingida na cabeça por bala perdida em Bangu

Horas depois da morte de Adrienne, a menina Lilian Leal de Moraes, de 12 anos, foi atingida por um tiro na canela na Favela Terra Nostra, em Costa Barros, na Zona Norte da cidade. Ela foi vítima de uma invasão de traficantes do Comando Vermelho que tentaram tomar o controle das bocas de fumo da região. Lilian foi internada no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, onde foi operada. Enquanto isso, perto dali, um novo tiroteio fez mais uma vítima, a dona de casa Sandra Costa dos Santos, de 58 anos, atingida na cabeça enquanto dormia na Rua Amanjó, em Bangu. Por volta de 20h desta segunda-feira, duas bases da UPP do Complexo do Alemão foram atacadas e um morador foi atingido. Ele foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso. No sábado, outros dois casos já vinham engrossando as estatísticas. Primeiro, no bairro do Fonseca, em Niterói, o menino Caio Robert Carvalho Rodrigues, que mora em Barbacena (MG) e passava férias na casa de parentes, foi atingido por um tiro no braço enquanto brincava dentro de um condomínio. Em seguida, Valéria Soares Pacheco, de 35 anos, foi ferida no Morro do Juramento, que há dez dias vem sendo disputado por criminosos de duas facções.

Continua após a publicidade

Com base em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o governo vê com otimismo a queda do número de vítimas de balas perdidas. Em 2008, quando a contagem começou a ser feita, foram 219 casos. Em 2011 chegou a 81, mas depois o número voltou a subir e, em 2013, chegou a 111. Como os dados de 2014 ainda não foram divulgados, o número absoluto que se tem até aqui no Rio de Janeiro, entre 2008 e 2013, é de 891, sendo que 62 desses morreram.

Alemão – No caso da morte de Adrienne na Rocinha, as armas dos policiais militares que participaram do confronto com os criminosos, ocorrido na localidade conhecida como Rua, 1, foram apreendidas pela Divisão de Homicídios e serão submetidas a uma perícia. A mesma unidade que investiga a morte do capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, comandante da UPP da Nova Brasília, em setembro passado. Como VEJA revelou em sua edição desta semana, o inquérito indica que o tiro de fuzil que matou o oficial partiu da arma de um despreparado policial, atingindo-o debaixo do braço e saindo no peito. Uma reprodução simulada está prevista para acontecer nas próximas semanas para concluir a investigação. Ano passado, outro confronto numa favela que a Secretaria de Segurança considera ‘pacificada’, o Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, deixou o dançarino Douglas Rafael da Silva, o DG, dançarino do programa Esquenta, morto. Na semana passada, o laudo indicou que o tiro também partiu dos policiais.

Mas a verdade é que esses jovens PMs – que depois de apenas seis meses de treinamento já são jogados em áreas conflagradas para compor as UPPs – também têm sido vítimas constantes dos conflitos armados. Nesta segunda, mais três novatos foram baleados em dois conflitos no Complexo do Alemão. Durante a madrugada, o soldado Emanuel foi ferido na perna durante um ataque ao contêiner da Rua Canitar. No fim da manhã, o soldado Machado foi atingido por estilhaços no rosto e o soldado Uziel foi atingido por um disparo que furou o colete à prova de balas e atingiu seu abdomên. Somente neste ano, cinco policiais lotados em UPP foram atingidos por tiros, sendo que um deles morreu. Ano passado, somente nessas favelas ocupadas, o número de feridos foi de 87 e houve oito mortes.

Casos de bala perdida no Rio de Janeiro
Casos de bala perdida no Rio de Janeiro (VEJA)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.