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Ceará: mensagens recrutam jovens para revide em bairro da chacina

Os vizinhos do bairro onde aconteceu a chacina que deixou catorze mortos e outros dezoito feridos continuam assustados e afirmam que haverá retaliação

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 30 jan 2018, 14h48 - Publicado em 30 jan 2018, 11h58

No cenário da maior chacina registrada em Fortaleza (CE) na madrugada deste último sábado 27, que deixou catorze mortos e outros dezoito feridos, no qual um grupo armado invadiu uma casa noturna na periferia da capital cearense e abriu fogo contra dezenas de pessoas que estavam no local, o clima continua de falta de segurança. Paredes da cidade estão cheias de pichações com as iniciais de facções criminosas FDN (Família do Norte) e CV (Comando Vermelho) – rivais da facção suspeita de organizar o ataque – e moradores ainda estão assustados, embora o comércio tenha sido aberto nesta segunda-feira 29. A creche do bairro de Cajazeiras, que atende 200 crianças, entretanto, não funcionou.

Na região da chacina circulam mensagens de WhatsApp de supostos integrantes do Comando Vermelho que estariam recrutando jovens do bairro para vingar as mortes, atribuídas à facção cearense Guardiões do Estado (GDE). Na noite desta segunda, um grupo fez barricadas com fogo para bloquear a BR-116, em protesto contra a chacina.

“Eles estão mandando mensagens recrutando a rapaziada para ‘vingar’ o ataque. Eles querem reunir gente para dar o revide”, disse um morador, que pediu para não se identificar. “Tem um vídeo, que é de uma mulher esfaqueada agonizando. Essa seria a mulher de um cara do GDE. Estão dizendo que o ataque foi para vingar a morte dessa mulher. Por isso que mataram tantas mulheres”, contou outro morador. “Agora, querem chamar gente para vingar as mortes”, disse outro.

Quem mora ali ainda está em choque. “Eu estava em casa. Ouvi todos os tiros, dentro de casa. Então, comecei a ouvir barulho de gente correndo no telhado de casa. Quebraram as telhas. Quando saí do quarto, tinha gente escondida no quintal de casa. Muita gente fugiu pulando os muros”, conta um comerciante de 30 anos que mora ao lado do Forró do Gago, local do massacre.

A polícia prendeu nesta segunda-feira sete pessoas que estavam em um velório de um homem que morreu em confronto com a polícia durante a madrugada. Cinco tiveram a prisão mantida por porte ilegal de arma. Pistolas apreendidas serão periciadas para averiguar se os tiros que mataram as vítimas partiram delas.

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Foto

Os relatos sobre a violência praticada pela facção Guardiões do Estado (GDE), grupo suspeito de organizar a  chacina, já se multiplicavam mesmo antes de homens armados invadirem um forró e matarem catorze pessoas. Na tarde deste domingo 28 o pedreiro Reginaldo Pereira de Oliveira, de 40 anos, contava por que seu filho foi morto pela facção, enquanto tratava da liberação do corpo de um primo, assassinado pouco depois da chacina. Ambos teriam sido mortos pelo GDE.

“Meu filho postou uma foto no Facebook com um cara que era da outra facção. Foi só isso. Aí foram em casa e mataram ele”, conta o pai. O filho, Samuel Rodrigues da Costa, de 20 anos, foi executado no dia 15 de dezembro. “Falaram que tinham ido matar ele para roubar. Ele tinha juntado mil reais e comprado camisetas. Queria multiplicar o dinheiro. Ele trabalhava em uma transportadora”, conta o pai. “Só depois soube dessa foto.”

Pai e filho moravam em Maracanaú, periferia de Fortaleza. O pai conta que, de alguns anos para cá, as pessoas começaram a ouvir falar das facções. Muros começaram a ser pichados com a sigla GDE, e entre os moradores corriam boatos de que eles iriam “dominar tudo”.

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Samuel, que trabalhava, não tinha ligação com facções. Mas um de seus amigos, sim. Era identificado pelos vizinhos como integrante do Comando Vermelho (CV), a facção fluminense em disputa com o GDE cearense pelo domínio do tráfico na periferia da cidade.

“A coisa fugiu do controle. Logo, isso aqui vai virar uma guerra civil”, diz Oliveira. “A facção surgiu não tem muito tempo, não. E está crescendo de uma forma terrível. Tem homem feito, de 25, 30 anos, mas tem moleque de 12 anos”, conta.

O primo de Oliveira, Jefferson Silva Costa, foi assassinado no domingo, depois da chacina. Os familiares contam que oito homens entraram na casa e o executaram. Um irmão de Costa, que também estava no imóvel, fugiu por uma janela. O crime ocorreu à 1h30.

 

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