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Caso Amarildo: testemunha ouviu ‘gritos elouquecedores’

Tesoureiro da UPP da Rocinha foi o primeiro a ser ouvido na audiência desta 4ª

Por Da Redação
12 mar 2014, 21h12

O soldado Alan Jardim, tesoureiro da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, foi a primeira testemunha de acusação a ser ouvida na audiência sobre o desaparecimento e morte presumida do pedreiro Amarildo de Souza. A juíza da 35ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), Daniella Alvarez, ouvirá no total cinco policiais militares e civis da Delegacia de Homicídios (DH). Os depoimentos fazem parte da segunda audiência de instrução e julgamento do caso, ocorrido em 14 de julho.

Como a imprensa não tem acesso a sala de audiência, todas as informações são repassadas aos jornalistas pela assessoria de imprensa do TJRJ. De acordo com a assessoria, Jardim disse para a juíza que recebeu ordens para fazer um patrulhamento externo com outros policiais, mas não se lembrava de quem tinha partido a ordem. Ele teria ficado no contêiner ao lado da base da UPP e depois foi ordenado a entrar no contêiner de apoio.

Segundo ele, todas as câmeras no entorno da UPP da Rocinha estavam desligadas no dia. O soldado contou que viu uma viatura chegar na UPP com uma pessoa e que, em seguida ouviu a pergunta “Você não vai falar?”. A frase foi seguida por gritos de sufocamento e gemidos bem altos. “Eram gritos terríveis, enlouquecedores”, afirmou durante o depoimento. Ele também teria ouvido barulhos de água “como se estivessem acordando uma pessoa”, de acordo com as informações passadas pela assessoria do TJRJ.

Em seguida, Jardim ouviu várias pessoas falando. O burburinho foi seguido pelo silêncio e, de repente, pessoas gritando “Deu m…, deu m…”. No mesmo dia, o soldado teria recebido ordens para pegar uma capa de moto e teria ouvido barulho de fita crepe sendo desenrolada no contêiner ao lado. Antes de ir embora (ele não falou o horário), teria visto cinco pessoas se dirigindo para a mata com a capa de moto. O major Edson Santos teria se dirigido para a base.

Como era responsável pela parte administrativa da UPP, Jardim afirmou que, no dia seguinte, foi buscar informações sobre a capa da moto. Recebeu ordens do tenente Luiz Felipe Medeiros, subcomandante da UPP da Rocinha para limpar a capa da moto e se desfazer de uma mesa branca suja de sangue que estava no contêiner onde, segundo ele, também havia um balde com água e sangue e gotas de sangue no chão.

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O soldado afirmou que nunca recebeu ameaças do major Santos ou de outros policiais. Nas redes sociais, no entanto, teria sido ameaçado. Um internauta teria dito que “O bom cabrito não berra”. Jardim disse ter receio que alguma coisa aconteça com ele.

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Policial denuncia prática de tortura na UPP da Rocinha

Viúva – Ao chegar ao fórum do Rio para acompanhar a retomada da audiência de instrução e julgamento do processo, a mulher da vítima, Elizabeth Gomes da Silva, de 48, afirmou que não vai desistir de saber onde está o corpo do ajudante de pedreiro. Ela chegou ao tribunal por volta das 14h, acompanhada do advogado João Tancredo. Dessa vez, nenhum de seus filhos compareceu.

“Quero que pelo menos os policiais que torturaram Amarildo e acabaram com a vida dele falem o que fizeram com os restos mortais dele. Meu marido sumiu nas mãos dos policiais e não voltou nunca mais. Já vai fazer oito meses”, disse, pouco antes de entrar na sala de audiência, na 35ª Vara Criminal do Rio.

Amarildo está desaparecido desde a noite de 14 de julho do ano passado, quando foi conduzido de sua casa à sede da UPP da Rocinha, na parte alta da favela, “para averiguação”.”O que aconteceu com meu marido não é justo. Então a família não pode desistir de nada”, completou a mulher do pedreiro. “O problema está com eles (policiais), não comigo. Então tenho que ficar tranquila”.

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(Com Estadão Conteúdo)

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