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Caso Amarildo: Mais 20 PMs são investigados pela Divisão de Homicídios

Grupo de policiais da UPP da Rocinha que estava no local na noite de 14 de julho poderá responder por ocultação de cadáver. Investigadores analisam depoimentos e suspeitam de omissão de informações

Por Leslie Leitão 8 out 2013, 10h32

(Atualizado às 18h32)

A prisão de dez policiais militares acusados de participação na morte do pedreiro Amarildo de Souza, 47 anos, foi a primeira etapa de uma série de detenções. O prosseguimento das investigações pode levar para a cadeia mais um grupo de suspeitos – quase todos policiais que, de alguma forma, testemunharam ou participaram dos estranhos acontecimentos da noite de 14 de julho na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. As descobertas feitas pela Divisão de Homicídios (DH) fizeram cair por terra algumas versões para fatos que os investigadores consideram, no mínimo, suspeitos. Um deles: mais de vinte policiais prestaram depoimento e afirmaram que, naquela noite, no momento em que Amarildo supostamente foi capturado, torturado e morto, permaneceram isolados dentro de um contêiner, e nada perceberam de anormal do lado de fora da “caixa de ferro”. Outro detalhe: o Batalhão de Operações Especiais (Bope) esteve na Rocinha na noite do desaparecimento de Amarildo, supostamente para dar “reforço” aos policiais da UPP. A missão verdadeira da tropa de elite, no entanto, ainda está sendo investigada.

Os investigadores não estão satisfeitos com as respostas, e estão empenhados em descobrir se há omissão de informação por parte dos PMs. Para os agentes, está claro que muitos deles preferiram não contar toda a verdade. O crime de ocultação de cadáver é “permanente” – ou seja, a consumação do delito se prolonga no tempo de acordo com a vontade do autor. Para os investigados, isso significa, na prática, que independentemente da condenação por homicídio, policiais que futuramente venham a ser desmentidos podem ser julgados e condenados de forma independente.

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Como mostrou reportagem do site de VEJA, a Polícia Civil acredita na possibilidade de delação premiada. “Ainda temos esperança de encontrar o corpo. Por isso, vamos seguir com nosso trabalho”, afirma o diretor da DH, delegado Rivaldo Barbosa, que fará novas buscas esta semana.

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As investigações do caso Amarildo foram desmentindo, uma a uma, as versões do major Edson Santos, principal acusado do caso, e de sua equipe. Na primeira lista de policiais que trabalhavam no plantão da UPP do dia 14, por exemplo, vários nomes haviam sido omitidos. A fraude só foi descoberta quando a DH esteve no 23º BPM (Leblon) e pegou o livro que também registra os policiais de cada plantão. Um detalhe curioso também foi descoberto: vários veículos que acessaram o estacionamento próximo à unidade não constam na relação, entre eles um carro prata que pertenceria a um dos PMs e não foi identificado – ainda não se sabe exatamente a razão para esta omissão específica.

O major Edson omitiu também em seu primeiro depoimento a presença de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Rocinha, na mesma noite da morte do ajudante de pedreiro. Às 23h59, uma equipe da tropa de elite chegou à favela e foi direto para a base da unidade, na localidade conhecida como Portão Vermelho. A informação só foi descoberta após uma minuciosa análise das oitenta câmeras que monitoram o morro. As imagens da chegada dos homens de preto foram apresentadas ao comandante. Edson, então, disse ter pedido reforço, pois havia uma ameaça de que a sede da UPP seria “atacada por traficantes”.

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Outro fato que contradiz a informação do major foi apresentado no depoimento de um policial da UPP que colaborou com as investigações, como revelou o site de VEJA. Um soldado interrogado pela DH contou que, por volta das 23h, ou seja, cerca de uma hora após a chegada do Bope, foi barrado na entrada do contêiner. Ele admitiu também ter visto a movimentação de vários homens na mata, dentro do Parque Ecológico. “Eles fizeram de tudo para dificultar a investigação, mas o teatro foi desmontado”, afirma o promotor Homero das Neves, que denunciou o grupo.

Algumas questões ainda não foram respondidas no inquérito enviado à Justiça. A confiança de que elas jamais serão desvendadas fez o soldado Marlon Campos Reis, durante as investigações, ser flagrado numa conversa com a namorada admitindo toda a sua crença na impunidade: “Eles já sabem o que aconteceu. Só não têm como provar”.

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