Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carnaval 2012: Angola é tema da Vila Isabel

Por Da Redação
20 fev 2012, 07h28

Por Alexandre Rodrigues

Rio – Uma comissão de frente hipnotizante e um samba-enredo animado foram as principais armas usadas pela Vila Isabel para a difícil tarefa de encerrar a primeira noite de desfiles do Rio depois da apresentação impactante da Beija-Flor. A escola de Nilópolis explorou melhor os temas africanos no enredo sobre o Maranhão, tirando o brilho do navio negreiro que a Vila apresentou como um dos carros no enredo sobre Angola, mas a garra dos componentes numa explosão de felicidade exaltando Martinho da Vila garantiu um bom espetáculo.

A manhã já estava próxima quando a Vila Isabel despontou na Sapucaí para defender o enredo “Semba de lá… Que eu sambo de cá…”, cumprindo em parte a expectativa de recriar a magia de seu mais lendário desfile. Em 1988, a escola cantou o centenário da abolição da escravatura com o enredo “Kizomba, festa da raça”, que rendeu seu primeiro campeonato e um dos sambas mais bonitos de todos os tempos.

Autor daquele enredo histórico, Martinho da Vila desfilou no último carro da escola, liderando a velha guarda e segurando uma faixa com as cores de Angola e um pandeiro com a imagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Consagrado pelo samba cujo refrão o consagrava como “negro rei”, Martinho mostrou que segue empunhando a bandeira do reconhecimento do valor do negro, no Brasil ou nas Américas para onde foram levados.

Continua após a publicidade

Diferentemente de 1988, Martinho se diz apenas um “idealizador” da história que a escola contou este ano na Sapucaí, a ligação entre o Brasil e Angola. Martinho ficou um pouco angolano ainda nos tempos duros da luta pela independência e a sangrenta guerra civil, quando foi um dos primeiros artistas brasileiros a se apresentar em Angola regularmente. E ainda trouxe ao Brasil o “canto livre” dos artistas de lá.

Embora as marcas da guerra e da escravidão estivessem presentes, a carnavalesca Rosa Magalhães seguiu a intenção de Martinho de realçar as belezas naturais e a cultura angolanas, num desfile alegre. Logo no começo, a comissão de frente arrancou aplausos com bailarinos que surpreenderam atuando como nativos e animais africanos numa savana cenográfica, abrindo caminho para o abre-alas repleto da rica fauna africana.

A comparação com Kizomba foi inevitável, já que havia muito da vivência angolana de Martinho naquele enredo, mas a Vila ofereceu à Sapucaí no fim da madrugada de segunda-feira um espetáculo diferente. Se há 24 anos a escola chegava ao sambódromo com muito material artesanal numa tentativa de sobreviver entre as grandes escolas em meio a dificuldades financeiras, o que se viu neste ano foi uma Vila mais rica. Nas fantasias, havia detalhes que chegaram à reprodução do colorido de estampas típicas de Angola.

Continua após a publicidade

Nos sete carros grandiosos, havia muitos rostos negros e animais em esculturas bem acabadas, mas pouca inovação. Rosa manteve-se fiel ao seu estilo barroco e usou muito material sintético, mas também reproduziu muita palha em fantasias e adereços, numa referência clara a Kizomba. “Eu acho que conseguimos recriar algo de Kizomba, mas eu quis mesmo é que ficasse bonito”, disse a carnavalesca, que acompanhou o desfile da escola pelo cantinho, recebendo cumprimentos das frisas.

A evolução era irregular, mas a escola da zona norte foi beneficiada pelo empolgante samba-enredo, que explorou a nova acústica do sambódromo arriscando com versos em contracanto e conquistou as arquibancadas. A letra ensinava o semba angolano como a origem do samba brasileiro, ajudando a explicar também como o kuduro e o funk carioca transitam tão facilmente entre os dois territórios separados pelo Atlântico nos dias de hoje.

A mistura de origens que dá o tom do carnaval do Rio seguiu forte pela passarela com a Vila Isabel. A escola do bamba branco Noel Rosa cujo nome homenageia a princesa redentora e dá sobrenome a Martinho foi o abrigo perfeito para o sucesso repetido do carisma de Sabrina Sato, a estrela de TV paulista de origem japonesa que brilhou mais uma vez à frente da bateria. Com uma fantasia que exibia leões nos ombros, teve que dividir a cena com o prefeito Eduardo Paes por muito tempo, que não saiu de perto da bateria da Vila por quase metade do desfile.

Continua após a publicidade

Além de 1988, a Vila só levou o troféu em 1996, com o enredo Soy loco por ti America.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.