Carandiru: MP pede condenação de mais 15 réus
Esta é a última etapa do julgamento pela morte de 111 detentos em 1992
A última etapa do julgamento do massacre do Carandiru foi retomada nesta terça-feira com a fase de debates entre Promotoria e defesa. A sessão começou com o discurso do promotor Eduardo Olavo Canto Neto, que pediu a condenação dos quinze policiais do Comando de Operações Especiais (COE) responsáveis pela ação no terceiro andar do Pavilhão Nove do Carandiru – o prédio foi o foco de uma rebelião que terminou com a morte de 111 presos em outubro de 1992. O promotor também pediu que o júri absolva os réus de quatro das oito mortes pelos quais foram denunciados. Segundo ele, essas mortes foram causadas por armas brancas.
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“Eles [policiais] podem ter matado os presos com as facas, mas os presos também podem ter feito isso. Por isso, absolvam os policiais pela morte dos presos por armas brancas”, disse o promotor. Apesar disso, ele ressaltou que o COE foi a única tropa a entrar no presídio portando facas. Canto Neto também pediu a absolvição de duas tentativas de homicídios porque as vítimas não compareceram ao plenário, segundo a Agência Brasil.
O promotor ainda reforçou a tese de que os detentos foram executados pelos policiais a sangue frio e sem oferecer chance de defesa. Segundo ele, um dos presos foi alvejado com cinco tiros, e outro, baleado na cabeça de cima para baixo – o que indica que a vítima foi atingida quando estava rendida.
Nesta segunda-feira, os réus foram interrogados pelo juiz Rodrigo Tellini sobre o que viram no dia da rebelião. Apenas um dos acusados, o tenente-coronel Armando da Silva Morteira, admitiu que atirou em um detento como resposta a um ataque dos presos amotinados. No mesmo dia, uma nova estratégia da defesa foi colocada em prática: familiares e amigos posicionaram-se na entrada do Fórum Criminal da Barra Funda, onde ocorre o julgamento, para pedir aos jurados a absolvição dos quinze PMs.
Esta é a quinta e última etapa do julgamento do Carandiru, que foi desmembrado conforme os andares do Pavilhão Nove devido ao grande número de réus e vítimas. Nas últimas etapas do julgamento, 58 policiais foram condenados a 1748 anos de prisão pela morte de 75 detentos.