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Candidatos usam propaganda eleitoral para reforçar #ForaTemer

Candidatos a prefeito de PT, PCdoB e PSOL, com poucas chances de vitória, inseriram discurso contra o presidente Michel Temer no horário eleitoral na TV

Por Felipe Frazão Atualizado em 28 set 2016, 17h02 - Publicado em 28 set 2016, 16h32

Candidatos a prefeito de partidos de esquerda, a maioria com chances remotas de vitória ou de chegar ao segundo turno, usaram a propaganda eleitoral para desgastar a imagem do presidente da República Michel Temer (PMDB). VEJA analisou programas de 27 candidatos de PT, PCdoB e PSOL, em todas as capitais brasileiras. Quinze deles, o equivalente a 56%, não só abordaram a questão em debates, no corpo a corpo com eleitores e publicaram postagens nas redes sociais, mas levaram ao ar na TV inserções ou programas com mensagens que acusam Temer de “golpista” e reproduzem o mantra “Fora, Temer”.

Em algumas capitais, as mensagens contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foram usadas ao longo de toda a campanha. É o caso, por exemplo, de Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ), onde as candidaturas do PCdoB e do PSOL fizeram esse papel. Não por acaso, Dilma gravou vídeos e participou de comícios com as candidatas do PCdoB Alice Portugal e Jandira Feghali, ambas deputadas. Em uma das gravações, Dilma usa o programa de TV de Alice para cobrar uma “resposta nas urnas” ao impeachment.

Depois de a ex-presidente participar ativamente da campanha no Rio, em comício e na TV, Jandira perdeu dois pontos em pesquisas de intenção de voto, conforme o Ibope e o Datafolha. Jandira também optou por tocar no assunto com depoimentos dela mesma na propaganda. Marcelo Freixo (PSOL), que disputa o mesmo eleitorado no Rio e tem tempo de TV diminuto, inseriu apenas alguns cenas de manifestações, nas quais é possível identificar faixas e cartazes contra Temer.

Em outras praças, como Rio Branco (AC), o tema sequer foi abordado pelo prefeito Marcus Alexandre – favorito à reeleição, ele optou por se desvincular totalmente do partido e de seus padrinhos políticos. Adotou um tom laranja como identidade visual da campanha e aboliu das peças de marketing a estrela, a cor vermelha e até a sigla PT. Aliado dele, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), disse que era preciso “descontaminar” a eleição local, conforme a imprensa local.

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A decisão de combater Temer foi tomada em âmbito nacional pelo PCdoB, disse a VEJA Vicente Neto, coordenador da campanha de Alice Portugal em Salvador: “A temática do impeachment atravessa as eleições municipais como um momento de validação ou não do que está em curso no país. O único espaço de confirmação de opinião política sobre o que acontece no país hoje é exatamente a eleição. Vamos tratar do impeachment em todas as capitais pela visibilidade, no primeiro e segundo turno. Essa é uma posição do PCdoB”.

Em São Paulo, quem adotou o “Fora Temer” por mais tempo foi a deputada e ex-prefeita Luiza Erundina, do PSOL. Apesar de ter aparecido em atos contra Temer, como no 7 de Setembro, o petista Fernando Haddad foi contra usar o programa de rádio e TV para debater o impeachment. Ele só passou a criticar o governo do peemedebista na TV nas últimas semanas – o desconforto levou Luciana Temer, filha do presidente, a pedir exoneração da Secretaria de Assistência Social do município.

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Nas inserções do horário eleitoral, Haddad afirma que o governo Temer vai promover um “corte drástico” em recursos de Saúde e Educação e “congelar” os investimentos sociais por vinte anos – em referência à PEC do teto de gastos públicos. Haddad aparece em imagens com um adesivo “Fora Temer” colado no paletó, mas usa termos como “governo ilegítimo” ou “golpista” para se referir ao peemedebista. Ele, aliás, foi cobrado na campanha por ter dito em entrevista que a palavra “golpe” não era adequada [“um pouco dura”] para definir o processo de afastamento de Dilma – algo que contrariou a estratégia do PT.

Haddad passou a afirmar que quem apoia o governo Temer é “contra os trabalhadores” e a insuflou gritos de “Fora, Temer” em manifestações. Ele disse indiretamente que Temer “usurpou o poder” e afirmou que os manifestantes não iriam “sair das ruas enquanto nossos direitos forem ameaçados”. Ele também se deixou fotografar com boné de sindicalista e atrás de uma faixa contra Temer no Grito dos Excluídos, protesto que ocorreu no dia 7 de Setembro.

Depois que o ex-presidente Lula foi denunciado pela segunda vez por crimes na Operação Lava-Jato, o Diretório Nacional do PT orientou que candidatos fizessem a defesa dele. Nem todos os candidatos seguiram. Um dos que fizeram a defesa mais enfática de Lula foi o deputado estadual paranaense Tadeu Veneri, que concorre a prefeito de Curitiba (PR), sede da operação. Em Belo Horizonte (MG), o candidato petista Reginaldo Lopes e sua vice acusaram as denúncias contra Lula de “falsas”.

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Em Vitória (ES), o candidato Perly Cipriano, militante histórico do partido e ex-secretário nacional de Direitos Humanos no governo Lula, gravou vídeos em defesa do ex-presidente e insinuou que o governo Temer seria pior do que a ditadura militar. “Eu faço parte das pessoas que estão indignadas com o golpe. Todo golpe chama a repressão aos contra os movimentos sociais. Esse golpe está ameaçando mais o direito dos trabalhadores do que a ditadura”, disse em vídeo.

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