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Campos, Marina e uma rede cheia de nós oficializam candidatura

Com 10% das intenções de votos, ex-governador de Pernambuco e sua vice, Marina Silva, patinam em busca de um discurso e da convergência entre militantes do PSB e da Rede nos Estados

Por Marcela Mattos e Talita Fernandes
28 jun 2014, 08h55

No dia 5 de outubro do ano passado, a exato um ano das eleições, a ex-senadora Marina Silva chacoalhou o mundo político ao anunciar sua filiação ao PSB, partido do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que na época já ensaiava o discurso de ser a opção para romper a polarização entre PSDB e PT na disputa pela Presidência da República. Com um capital político de 20 milhões de votos nas eleições de 2010, a filiação de Marina, mulher e ex-petista, assustou os articuladores da campanha da presidente Dilma Rousseff. E, simultaneamente, levantou dúvidas se Campos realmente seria o candidato do PSB. Desde então, nem Campos decidiu ceder a vaga na chapa, nem Marina deu sinais de que brigaria por ela. Segundo as pesquisas mais recentes, a candidatura da dupla permanece estacionada no patamar de 10% – com algumas oscilações negativas. A uma semana do início da campanha, dirigentes do PSB e da chamada Rede, o quase partido idealizado por Marina que a Justiça Eleitoral barrou, lançarão neste sábado a candidatura à Presidência ainda sem a convicção se a montagem da chapa foi a melhor escolha. Na dúvida, o jingle escolhido atira para os dois lados: “Coragem para mudar o Brasil, eu vou com Eduardo e Marina. Eduardo e Marina têm as cores do Brasil, têm o nome do Brasil.”

Ambos ex-ministros do governo Lula, Campos e Marina ainda têm dificuldades em ajustar o tom das críticas aos doze anos de PT no comando do Palácio do Planalto. O programa de governo ainda não ficou pronto. O PSB tem realizado oficinas temáticas pelo país e lançou o site “Mudando o Brasil” para coletar sugestões de eleitores pela internet. A coordenação do programa está a cargo de Neca Setúbal, que também esteve ao lado de Marina nas eleições de 2010, e do ex-deputado petista Maurício Rands. A aliança divulgou apenas tópicos que devem balizar o programa de governo. São eles: novo urbanismo e pacto pela vida; políticas sociais e qualidade de vida; educação, cultura e inovação, economia para o desenvolvimento sustentável; Estado e democracia de alta intensidade.

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Na área econômica, Campos e Marina têm destacado o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), cuja expectativa de crescimento gira em torno de 1% este ano, e os índices de inflação, que têm encostado no teto da meta, de 6,5%. Campos tem sido categórico ao dizer que a inflação tem corroído a renda das famílias e promete, em um eventual mandato, reduzir a meta de inflação dos atuais 4,5% para 3% até 2018.

O principal alvo da dupla é o eleitorado da classe C – 51% da população brasileira -, beneficiada pelos programas sociais dos governos petistas, mas que agora demonstra insatisfação com setores como transportes, saúde e educação. O programa de governo de Campos e Marina deverá frisar a continuidade das atuais políticas sociais.

Palanques – Logisticamente, a estratégia será concentrar a campanha na capital paulista, para onde Campos se mudou no início de abril, quando deixou o governo pernambucano. O PSB pretende tentar pegar carona nos altos índices de intenção de voto no interior do Estado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), cujo vice na chapa à reeleição será do partido. Porém, também é em São Paulo que a candidatura enfrenta um duro entrave: Marina resistiu até o último instante à aliança com os tucanos e se recusa a fazer campanha em solo paulista. No Paraná, o arranjo político foi similar, o que também deverá afastá-la do Estado. “Essa é uma aliança que me deixa constrangida e insatisfeita. Sei do esgotamento do projeto do PSDB e acho que a proposta de vir como um nome novo, de Marina e Eduardo, fica neutralizada com essa aliança. Isso frustra a expectativa de quem acreditou no discurso da mudança”, afirma a deputada Luiza Erundina, um dos principais nomes do PSB paulista. “Mas, infelizmente, eu sou minoria”, completa.

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Os nós nas alianças estaduais se repetem no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, Estados que, juntos, somam 27 milhões de votos. Após ser retirada a candidatura de Miro Teixeira, do Pros, o PSB decidiu apoiar o petista Lindbergh Farias ao governo – e aumentou a tensão com a Rede. Aliado de Marina, o deputado Alfredo Sirkis desistiu de concorrer às eleições logo depois de ser anunciada a aliança. “Quem tem vergonha não faz política dessa forma”, argumentou.

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Em Minas, reduto do também candidato à Presidência Aécio Neves, a briga foi ainda maior. Inicialmente, Rede e PSB não se entenderam sobre qual seria o candidato da aliança. Estavam na disputa o deputado federal Júlio Delgado e Apollo Heringer, da Rede. Havia ainda uma ala do PSB que almejava abrir mão de candidatura própria no Estado para apoiar o tucano Pimenta da Veiga. Após uma semana de incertezas, o PSB decidiu lançar o pai de Júlio, Tarcísio Delgado ao governo.

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Apesar das tantas divergências, os candidatos têm tentado neutralizar o clima de conflito. Na convenção deste sábado, o espaço e o tempo dos discursos de Eduardo e Marina será o mesmo – vinte minutos. O PSB também promete tratar os militantes da Rede de igual para igual. Campos e Marina também prepararam falas alinhadas, repletas de afagos e complementares. A campanha dirá até quando.

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