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Breivik ante os juízes – um monstro cortês, eloquente e frio

Por Por Nina Larson
20 abr 2012, 16h33

Na primeira semana do julgamento pela morte de 77 pessoas em Oslo, o acusado Anders Behring Breivik mostrou-se cortês, eloquente e tranquilo, apresentando-se como um herói, disposto a cometer novamente os mesmos crimes.

É difícil avaliar este homem enorme, de ombros largos e cabelos louros bem aparados, com uma barba fina destacando a mandíbula forte, e que entra todos os dias na sala de audiência com um sorriso nos lábios.

Além da saudação extremista que usou nos primeiros três dias, a marca deste assassino confesso de 33 anos – que admitiu os crimes, não sua culpa – é sem dúvida a calma e a indiferença traída pelo tom de voz, ainda quando narra atos atrozes.

Com relação à morte a sangue frio de 69 pessoas, na ilha de Utoeya, na maioria adolescentes e jovens social democratas, Breivik não deixou dúvidas: “Faria tudo outra vez”, disse.

Breivik acrescentou, sem emoção aparente, que se preparava para matar as 569 pessoas que estavam na ilha no dia 22 de julho do ano passado, e liquidar as presentes no prédio do governo, em frente ao qual detonou um veículo cheio de explosivos. Lá morreram oito pessoas.

E tudo isto por quê? Em sua longa resposta a esta questão, Breivik quis justificar algo que aos olhos dos mortais é dificilmente compreensível.

Breivik se apresenta como um “cavaleiro”, um militante nacionalista que luta heroicamente para defender os “noruegueses autênticos” da “invasão muçulmana”, resultado de uma política social democrata de imigração que considera demasiado generosa.

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Mas tanto como a barbárie de seus atos, o que dá calafrios é a forma destemida com que os justifica, num tom monocórdico, mas afável.

Breivik não demonstrou nenhuma emoção para com suas vítimas, tendo perdido a compostura apenas uma vez, no primeiro dia do julgamento, quando se esforçou para conter as lágrimas quando o tribunal exibiu um pequeno filme produzido por ele para justificar seu combate ao Islã.

Posteriormente, disse que chorou nessa hora afirmando: “Meu país está prestes a morrer”, e se emocionou com a música desse vídeo, que ele usava em seus momentos de meditação destinados a se acalmar e a frear seu “medo da morte”.

O depoimento permitiu descobrir uma personalidade extremamente disciplinada e determinada em todos os preparativos, e que mostrou um bom conhecimento de armas e explosivos.

Os psiquiatras o descreveram como um narcisista, a ponto de querer controlar tudo e até dar conselhos aos magistrados.

Al falar da presumível organização dos “Cavaleiros Templários”, Breivik garantiu que ela realmente existe, embora admitiu ter usado um tom “pomposo” no manifesto de 1.500 páginas que redigiu, em apoio a suas teses, publicado pouco antes de realizar os atentados.

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O extremista não mostrou nenhuma compaixão por suas 77 vítimas, mas insistiu em se apresentar como uma pessoa capaz de mostrar empatia. “Em tempos normais sou um homem muito simpático”, disse nesta sexta-feira.

Comentou que foi obrigado a esconder suas emoções a partir de 2006, quando começou a preparar seus ataques.

Expressou um ódio incontrolável aos muçulmanos, e definiu os meios de comunicação como seus maiores inimigos, apesar de mostrar-se visivelmente contente de estar diante das câmaras de televisão.

Breivik se vê como herói e vítima, censurado e “excluído da democracia” pelos políticos e pelos jornalistas que apoiam a sociedade multicultural que ele rejeita.

Em sua visão, os atentados foram a única forma de passar sua mensagem, e responsabilizou por isso o governo e a imprensa. “Se na Noruega o regime, e principalmente os meios de comunicação tivessem mudado de atitude”, disse, “não teriam acontecido” os atentados de 22 de julho.

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