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Barragem sob risco pode atingir 10.000 pessoas em três municípios

Estudo sobre estrutura em Barão de Cocais, em Minas Gerais, aponta risco de 'inundação generalizada'

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 23 Maio 2019, 11h16 - Publicado em 23 Maio 2019, 10h45
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  • O estudo de impacto de um eventual rompimento da barragem Sul Superior, da mineradora Vale, em Barão de Cocais (a 93 quilômetros de Belo Horizonte), aponta para a possibilidade de morte de moradores e “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” em três municípios, além de possíveis interrupções de estradas e problemas com abastecimento de água e de luz, informou nesta quinta-feira, 23, o jornal O Estado de S. Paulo.

    O estudo, que no meio técnico do setor é conhecido como dam break, relata ainda possibilidade de “danos estruturais em pontes e travessias importantes nos municípios atingidos”. Além de Barão de Cocais, os municípios a serem afetados pela lama são Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

    Nas três cidades, a população que precisaria ser retirada de casa para não ser atingida pela lama ultrapassa 10.000 pessoas: são cerca de 6.000 em Barão de Cocais, 2.400 em São Gonçalo do Rio Abaixo e 1.700 em Santa Bárbara. O total de moradores nos três municípios, incluindo os que não precisariam deixar suas casas, é de aproximadamente 73.800 pessoas, sendo 32.000 em Barão de Cocais, 31.000 em Santa Bárbara e 10.800 em São Gonçalo do Rio Abaixo. As três cidades já passaram por simulações de evacuação.

    Em Barão de Cocais, o meio-fio de algumas ruas foi pintado de laranja para indicar que o trajeto seria invadido pelo rejeito da Vale em caso de rompimento. Há pinturas em nove bairros, incluindo o centro e a avenida principal da cidade. O foco são áreas mais baixas, adjacentes ou às margens do Rio São João, que corta o município. A possível rota da lama fez até o fórum e uma escola municipal da cidade mudarem de lugar. A prefeitura estima que 3.000 edificações seriam atingidas.

    Segundo o estudo, a lama também devastaria áreas de preservação permanente “nas faixas marginais ao leito dos cursos de água”. O relatório prevê “assoreamento de cursos de água a jusante, com deposição de rejeitos no leito e planícies de inundação e possível alteração da calha principal”.

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    O dam break diz que haverá “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas com graves potenciais de danos estruturais e perda de vidas humanas, especialmente no distrito de Socorro e nos municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo”, além de “problemas relacionados ao abastecimento de água nas comunidades ribeirinhas e irrigação nas regiões abastecidas”, com “possíveis interrupções nos acessos locais de terra, rodovias, linha de transmissão e fornecimento de energia”.

    Nos distritos de Socorro, Tabuleiro e Piteira, os três mais próximos à barragem, cerca de 450 pessoas já foram retiradas de suas casas. O estudo diz também que ocorrerá “alteração ou remoção da camada vegetal e do habitat, remoção do solo de cobertura, deposição de rejeitos e demais prejuízos a fauna e flora características da região”.

    Histórico

    A barragem Sul Superior teve nível de segurança elevado a 3, que indica risco iminente de ruptura, em 22 de março, depois que uma auditoria se negou a emitir laudo de segurança para a estrutura. No dia 13, a empresa informou às autoridades que o talude da mina da represa poderia desmoronar, ocasionando abalo sísmico que poderia fazer com que a Sul Superior se rompesse.

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    O estudo foi feito pela empresa Potamos, a pedido da Vale, e entregue nesta terça-feira, 21, ao Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), por determinação judicial, depois que a Promotoria julgou insuficiente relatório anterior de impacto fornecido pela mineradora. O MP-MG informou que o estudo foi juntado ao processo e “dará ciência do conteúdo aos órgãos de Estado para que avaliem se os planos emergenciais apresentados pela Vale em juízo estão adequados ao pior cenário possível em caso de rompimento da barragem”.

    Caso não apresentasse o estudo, a Vale seria multada em 300 milhões de reais. Procurada, a empresa não se manifestou.

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