Os advogados Joaquim Pereira de Paulo Neto, ex- presidente do PRTB em São Paulo, e Patrícia Reitter, ex-consultora jurídica do partido, disseram ter entregue à Polícia Federal e à Polícia Civil de Brasília uma série de gravações, documentos e mensagens de celulares que provariam a ligação do partido do ex-coach Pablo Marçal com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os dois advogados foram vítimas de um atentado em Brasília no último dia 11, ocasião em que foram atacados por dois homens armados em uma motos. O carro em que estavam os ex-dirigentes era blindado, recebeu vários tiros, mas ninguém saiu ferido. Reportagem de VEJA publicada na última edição impressa traz entrevista com Joaquim Neto apontando as ligações do PRTB com o PCC. Entre outras acusações, ele afirma que o presente nacional do PRTB, Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, e o ex-presidente do partido em São Paulo, Tarcísio Escobar, têm conexões com o PCC.
Uma das provas apresentadas pelos ex-dirigentes foi uma gravação em que Tarcísio Escobar fala de sua fidelidade à organização criminosa. “Doutora, vou te dizer uma coisa: eu nunca vou botar a minha organização em risco”, diz a gravação exibida pela advogada supostamente enviada pelo o ex-presidente do PRTB. “Eu tenho duas famílias: a minha e a do PCC. Então eu nunca vou jogar o nome da minha organização em risco. Em nada, em nada, pode tentar falar à vontade, qualquer pessoa, que eu não vou colocar, eu sei muito bem o que eu tenho, o compromisso que eu tenho”. O áudio está em modo acelerado e ainda não há como ter certeza de que a voz é realmente de Escobar.
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Ex-dirigente admite ter enviado áudio e explica o contexto
Procurado por VEJA, o ex-presidente do PRTB disse que não se lembra de ter gravado o tal áudio, mas ao mesmo tempo não descarta a possibilidade de ter enviado a mensagem de advogada como um alerta. “Pode ter sido algo assim: ‘olha, doutora, tem que tomar cuidado, aqui, tipo alertando, São Paulo, como que é’. É complicado, sabe como é o dia a dia em São Paulo, para o empresário, para um político, é complicado. Se tem o PCC então, piorou. Se nós não tomar cuidado…”, ressalta Escobar. Joaquim Neto também confirma que o autor da gravação é Tarcísio Escobar.
Patrícia confirma que Tarcísio Escobar era apresentado no partido como líder da organização criminosa. “Pra mim, apresentavam ele sempre como líder do PCC. Eles o chamavam de ‘final da restrita’, acima de tudo e de todos”, disse Patrícia.