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Assassinato de Marielle Franco é desafio para intervenção no Rio

Para especialistas, crime afronta forças de segurança que atuam no estado pois passa a imagem de que nada pode deter criminosos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 16 mar 2018, 11h24 - Publicado em 16 mar 2018, 11h22

Dar uma resposta rápida e eficiente ao brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) tornou-se o mais imediato desafio da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Apresentada como “jogada de mestre” pelo governo federal, a ação decidida em Brasília completa, nesta sexta-feira (16), um mês sem apresentar resultados expressivos. E, agora, com um crime e de repercussão internacional para resolver. A ação dos criminosos, segundo especialistas, é vista como uma afronta às autoridades, passando a ideia de que nada pode detê-los.

“Há grande perplexidade em todos nós, mas talvez esse crime seja o grande divisor de águas da intervenção”, diz o presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. “Todo assassinato é grave, mas, quando matam uma ativista do tamanho da Marielle, só há dois caminhos: ou reafirmamos que vivemos numa democracia plena, em que as instituições funcionam, ou vamos seguir o caminho de tantos outros países do continente, com instituições fragilizadas, e onde militantes são executados no meio da rua impunemente.”

Pesquisadora da violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Alba Zaluar vê o crime como uma tentativa de afronta às forças de segurança. “Com muita audácia, esse assassinato é uma forma de tentar sabotar a intervenção e de chocar a população. O que apavora é a generalidade da vingança contra quem não fez nenhum mal diretamente reconhecível a seus assassinos”, afirma. “Escolheram a vítima para causar impacto. E conseguiram.”

A criminalista Maíra Fernandes, da Comissão da Mulher do Instituto dos Advogados do Brasil e parceira de militância de Marielle há quase 20 anos, demonstra ceticismo. “Um crime bárbaro, contra uma vereadora, no Rio, após ela ter denunciado, sábado passado, a atuação da PM na favela de Acari. O que a intervenção vai fazer?”, questiona ela, em referência à publicação nas redes sociais feita por Marielle. Na internet, a vereadora também vinha se posicionando contra o uso das Forças Armadas na segurança.

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O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, deu entrevista na noite desta quinta-feira (15), no Centro Integrado de Comando e Controle do Rio. Perguntado se achava que o crime poderia simbolizar fracasso da intervenção, ele reagiu, mas reconheceu dificuldades. “A intervenção nunca se propôs a fazer mágica”, declarou. “A intervenção se propôs a trabalho, trabalho e trabalho. A intervenção, até aqui, tem procurado fortalecer e reestruturar as polícias.”

Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB) disse que o episódio “é mais uma evidência” de que o governo federal “está no caminho certo” ao decretar a medida. Em nota, o interventor federal, general Walter Braga Netto, afirmou repudiar “ações criminosas como a que culminou na morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes [motorista da parlamentar]”. Ainda segundo a nota, ele acompanha o caso em contato permanente com o secretário de Segurança, general Richard Nunes.

Nesta quinta-feira, militares repetiram o procedimento das últimas semanas: foram à comunidade do Viradouro, em Niterói, na Grande Rio, que foi cercada e teve desobstruídas vias antes bloqueadas por traficantes. A ação repetiu o que foi feito várias vezes na favela Vila Kennedy, Zona Oeste carioca, onde os bandidos restabelecem as barreiras após o fim das operações.

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