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Assaltos nas áreas nobres do Rio são o dobro da ‘meta’ da Secretaria de Segurança

Somente no primeiro semestre de 2014 houve 106% de roubos a mais do que o esperado na região onde empresária foi morta durante um assalto

Por Leslie Leitão 18 jul 2014, 19h41

O cruel e banal assassinato da empresária Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas, de 66 anos, dona de um dos mais badalados restaurantes do Rio de Janeiro, o Guimas, na última quarta-feira, explicitou um problema que vem sendo tratado com leniência pelas autoridades que comandam a Segurança Pública do Estado. Mês após mês, os índices de criminalidade do 23º BPM (Leblon) – responsável pelo policiamento da região mais nobre da cidade, englobando Jardim Botânico, Lagoa, São Conrado, Ipanema, Leblon e Gávea, onde ocorreu o crime – vêm ultrapassando com folga todas as “metas” estabelecidas pelo governo. Sim, a Secretaria de Segurança têm metas estipuladas para o que considera tolerável. Para resumir o cenário do primeiro semestre de 2014, a “meta” para a área neste período era de 399 assaltos nas ruas dos seis bairros, mas o número total chegou a 824 roubos, ou seja, 106% acima do previsto.

Os dados obtidos por VEJA constam num relatório interno feito no próprio batalhão da área, com base em dados que são enviados para o Instituto de Segurança Pública. E eles mostram um nítido aumento dos crimes no asfalto depois que as duas favelas da área, o Morro do Vidigal e a Favela da Rocinha, foram ocupadas pelas forças de segurança, em outubro de 2011 e, em seguida, receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Hoje, o efetivo do projeto nessas duas localidades é de 869 policiais, para uma população total de 82.153 moradores, fazendo com que a relação policial por habitante chegue a um para cada 94,5 moradores. O problema é que, com o cobertor curto, a proporção para o restante da região (onde vivem 156.449 pessoas e há 643 policiais lotados) é de um PM para cada 243 pessoas.

Crimes Rio de Janeiro
Crimes Rio de Janeiro (VEJA)

Esta proporção fica pior ainda se levarmos em conta o fato de 191 policiais do 23º BPM não estarem aptos para atuar nas ruas (por motivos diversos, de saúde, férias ou afastados por indisciplina). Assim, com 452 policiais prontos para defender o cidadão, a proporção chega a um PM por 346 habitantes. Para se ter uma ideia do reflexo desse abismo de patrulhamento, o número de assaltos nas ruas da região ao longo dos seis primeiros meses de 2011 (pré-UPP) foi de 482 (70% a menos do que os 824 de hoje). Outro dado impressionante é relacionado ao roubo de veículos, que há três anos registrou 25 e, agora, chegou a 57, um acréscimo de 128%. A “meta”‘ de carros roubados para o primeiro semestre de 2014 era de 21.

Outro item utilizado pelos técnicos do Instituto de Segurança Pública para avaliar as taxas de criminalidade é classificado como “Letalidade Violenta”, que engloba homicídio doloso, homicídio decorrente de intervenção policial (auto de resistência), lesão corporal seguida de morte e latrocínio (roubo seguido de morte). É nesta última legenda que se enquadra o caso de Maria Cristina Mascarenhas. Vítima de uma “saidinha de banco”, ela havia sacado 13.000 reis numa agência próxima e estava parada em frente à Praça Santos Dumont, ao lado do bar BG (local que foi o point principal de turistas no Rio durante a Copa do Mundo), quando um homem tentou levar sua bolsa. A empresária tentou evitar o roubo, levou um tiro na cabeça e morreu na hora. A Divisão de Homicídios assumiu as investigações. O problema é que, sem o patrulhamento, esses índices de letalidade violenta têm apresentado números bem acima do que os especialistas previam. A “meta” deste item, que era de sete em todo o primeiro semestre, chegou a 17.

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