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Argentina destaca semelhanças com incêndio que deixou 194 mortos

Familiares das vítimas da boate Cromañón se solidarizaram com parentes das vítimas de Santa Maria: “dor que lacera a mente, a alma e o corpo”

Por Da Redação
28 jan 2013, 20h25

A imprensa argentina destacou as semelhanças entre o caso do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com a ocorrida na boate República Cromañón, em Buenos Aires, no dia 30 de dezembro de 2004. O jornal Clarín fez a comparação: “boate fechada, mais fogos de artifício, mais teto inflamável, mais negligência: uma fórmula que une tristemente os dois cenários”. Na Argentina, 194 pessoas morreram e 375 ficaram feridas.

“Na discoteca Kiss faltou sinalização para evacuação e parte do público foi para o banheiro, acreditando que era uma via de fuga. Aparentemente, não houve venda de entradas acima da capacidade, como em Cromañón, onde a quantidade de pessoas era três vezes maior que o comportado pelo local. Em Buenos Aires, um cartaz indicava a saída de emergência que estava fechada com cadeado e arames”, descreveu o diário.

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O Clarín acrescentou que as irregularidades na documentação das boates é outra “fatal coincidência”. “O Cromañón podia funcionar como discoteca, mas não para shows. E o certificado de segurança contra incêndios havia vencido dois meses antes da tragédia”. Na tragédia em Buenos Aires, no entanto, os fogos de artifício não foram acionados pelos músicos.

O grupo Famílias pela Vida, que reúne familiares do incêndio da boate Cromañón, divulgaram uma carta em solidariedade aos pais, familiares e amigos das vítimas do clube Kiss. “Os anos passam e as tragédias não naturais provocadas pela ambição e pela corrupção se repetem inexoravelmente”, diz o texto, destacando o uso da pirotecnia em ambiente fechado, a falta de saídas de emergência, a documentação vencida e a falta de fiscalização, “tudo igual ao massacre da República de Cromañón”. “Nos solidarizamos com esta dor que lacera a mente, a alma e o corpo, apoiando o pedido de Justiça que logo irão escutar”.

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Condenação – Em dezembro, a Justiça argentina rejeitou recursos apresentados pelos advogados e decretou a prisão dos 14 condenados pela tragédia. Omar Chabán, o responsável pelo local, foi condenado a dez anos e nove meses de prisão. Em entrevista ao jornal La Nación pouco antes da prisão, ele apontou três jovens que, em sua avaliação, foram os responsáveis pelo incêndio por terem usado artefatos de pirotecnia. “A Justiça deveria defender a mim, porque eles fizeram a violência”.

Familiares reagiram à entrevista. Ariel Revetria, que estava no local no dia do incêndio e perdeu a mulher, contestou a declaração do ex-gerente. “Para Chabán, os únicos culpados são três jovens que nem sabemos se estão vivos. E como eles entraram com os fogos de artifício?”.

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Rosa María David, mãe de duas vítimas, disse que só encontra consolo em sua neta. “Tiraram de mim meus dois filhos. A única que me faz sair um pouco de tudo isso é minha neta. (…) Às vezes me pergunto por que já não choro tanto. Deve ser porque não tenho mais lágrimas”.

Raúl Alcides Villarreal, chefe de segurança e colaborador direto de Chabán, foi condenado a seis anos de prisão. Ao se entregar às autoridades, ele afirmou que o fazia “de cabeça erguida”, por se considerar “uma pessoa de bem”.

Também foram presos integrantes da banda, o empresário do grupo, o cenógrafo e agentes públicos. Deprimido, o vocalista Patricio Santos Fontanet está internado em uma clínica psiquiátrica na cidade de Córdoba, sob custódia policial. O baterista Eduardo Vásquez já estava preso quando a sentença foi anunciada. Ele cumpria pena de 18 anos pelo homicídio da mulher, Wanda Taddei.

O prefeito de Buenos Aires na época do acidente, Aníbal Ibarra, foi destituído do cargo depois da tragédia.

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