Após capa de VEJA, polícia investigará mais dois padres por abuso
Inquérito vai apurar conduta dos padres Felipe Negro, afastado de suas atividades, e Carlos Alberto da Rocha, que ainda celebra missas
Poucos dias após a publicação da reportagem de capa de VEJA, que revela em detalhes um esquema de abuso sexual por parte de três padres da Diocese de Limeira, a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar os clérigos Carlos Alberto da Rocha e Felipe Negro. Até então, apenas havia uma investigação formal contra o padre Pedro Leandro Ricardo. O esquema aconteceria com a anuência do bispo Vilson Dias de Oliveira, que teria ciência dos crimes e é acusado de receber propina em troca de silêncio.
“Temos muito a comemorar sobre o começo desta nova investigação, pois até pouco tempo a Igreja não levou adiante inúmeras denúncias de abusos. Espero que a Justiça comum, e não apenas a canônica, investigue e puna os autores dos crimes”, afirma a advogada Talitha Camargo da Fonseca.
Até a publicação da capa de VEJA, seis pessoas denunciaram o padre Leandro por abuso sexual. Um sétimo homem, hoje com 40 anos e pai de dois filhos, decidiu prestar depoimento contra o mesmo padre. Todos eles eram ex-coroinhas ou ex-seminaristas na época dos ataques, alguns menores de idade. Felipe Negro responderá por duas denúncias de abuso e Carlos Alberto, por uma. “Isso até o momento. Novas vítimas podem se encorajar para relatar seus casos, portanto o inquérito pode ficar maior”, afirma a advogada.
Os casos também estão sendo investigados pelo Vaticano, que enviou um designado a Limeira para ouvir testemunhas no início de 2019. Diante do escândalo, o bispo Vilson, da Diocese de Limeira, pediu a sua renúncia. Os padres Leandro e Felipe Negro foram afastados de suas designações, mas seguem recebendo salários. O sacerdote Carlos Alberto permanece realizando missas.