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Após afirmar que não financiaria Carnaval, Crivella faz repasse de R$ 3 mi

A verba, no entanto, ainda não foi paga. O repasse será destinado apenas às escolas das séries B, C e D, que não cobram ingresso e desfilam em Madureira

Por Jana Sampaio Atualizado em 14 jan 2020, 16h49 - Publicado em 14 jan 2020, 16h08

Desde que foi eleito com quase 60% dos votos válidos em 2016, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), volta e meia dizia que o Carnaval não precisa de dinheiro público. Neste ano, porém, o prefeito mudou seu próprio discurso e dobrou a verba para os desfiles das séries B, C e D, que ocupam a Avenida Intendente Magalhães, em Madureira, na Zona Norte do Rio. A determinação fez com que, pela primeira vez, a Liesb e a Livre (ligas que organizam esses desfiles) tenham mais recursos que a Liesa e a Lierj, organizadoras dos Grupos Especial e de Acesso, respectivamente, que desfilam no Sambódromo.

Enquanto o orçamento das escolas de samba da Intendente Magalhães receberão 3 milhões de reais em três parcelas — a primeira deve ser paga, com atraso, no dia 18 deste mês –, as 14 escolas do Grupo de Acesso e as 13 do Grupo Especial não têm previsão de adquirir repasses. Procurada, a Secretaria Municipal de Fazenda ainda não respondeu qual é o cronograma de pagamento da segunda e da terceira parcela às escolas das séries B, C e D, que a partir deste ano recebem diretamente a quantia.

Desde o primeiro ano de mandato de Crivella, os repasses às escolas de elite do Carnaval têm sido reduzidos até chegarem, neste ano, a zero. Em 2017 foram repassados 20 milhões de reais, valor estabelecido ainda no governo do ex-prefeito Eduardo Paes. Nos anos seguintes, segundo a Riotur, as cifras foram ceifadas à metade e os repasses caíram para 10 milhões de reais (2018) e 5 milhões de reais (2019).

Segundo a Prefeitura, a decisão foi tomada como uma forma de separar o joio do trigo, ou seja, repassar dinheiro apenas para as escolas que não cobram ingresso. Segundo estimativas, a Liesa recebeu, em 2019, mais de 100 milhões de reais com venda de bilheteria e contratos de publicidade.

A Prefeitura custeia a operação no Sambódromo, que gira em torno de 16 milhões de reais, mas não faz o repasse à Liesa. Esse cálculo inclui contas de luz e todo o efetivo da operação com Guarda Municipal, Comlurb, Cet-Rio, Secretaria Municipal de Saúde e até os catraqueiros que trabalham na Sapucaí.

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