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“Ao invés de ajudar, o policial me agrediu”, diz vítima de homofobia

O assessor parlamentar Eliseu Neto denunciou motorista e policial militar por agressão e homofobia. Neto foi expulso de táxi após beijar o namorado

Por Bruna Motta
Atualizado em 7 jan 2020, 14h04 - Publicado em 7 jan 2020, 13h57

No último sábado (40), o secretário parlamentar Eliseu Neto, 41, estava saindo de uma festa no Recife quando solicitou um carro em um aplicativo de transporte junto com o namorado, o técnico em segurança do trabalho Ygor Higino. Segundo Neto, após se beijarem dentro do veículo, o casal foi expulso pelo motorista. “Ele disse que não admitia “aquilo” do lado dele e nos mandou sair”, disse o assessor parlamentar nesta segunda (6), enquanto prestava queixa na delegacia de Boa Vista. Um dos colaboradores da ação responsável por enquadrar a homofobia e a transfobia como crime de racismo, aprovada em 13 de junho de 2019 pelo STF, Neto falou a VEJA sobre o ocorrido.

O que aconteceu na noite do último sábado? Nós estávamos saindo de uma festa por volta das três da manhã quando solicitamos um táxi por aplicativo. Entramos no carro e meu namorado me deu um beijo. O motorista se exaltou, disse que não permitiria aquilo dentro do carro dele e que iria encerrar a corrida.

O que o senhor fez nesse momento? Eu disse que homofobia era crime e que iria tirar a foto da placado carro para denunciá-lo. Foi quando ele avistou uma viatura. Não sei o que ele falou para os policiais, mas um deles veio nos abordar de forma grosseira. Pedi para ele se identificar – o que poucas pessoas sabem que é direito nosso – e ele me empurrou no chão.

O próprio policial te empurrou? Sim. Nesta hora, meu namorado ficou muito nervoso, começou a chorar, pediu para gente ir embora porque o policial estava armado. Eu ainda insisti, tirei foto da viatura e dele. Foi quando ele me derrubou pela segunda vez no chão. Doeu muito mais na alma do que no corpo. Um outro policial percebeu que eu não estava brincando ao falar que iria na delegacia e apaziguou as coisas. Pedimos outro táxi e fomos embora para casa.

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Qual a importância da lei que o senhor ajudou a criar? Diante desse episódio, só tenho mais certeza de que as pessoas e os próprios representantes da lei estão completamente despreparos para lidar com situações como essa. Quando eu poderia imaginar que ao invés de ajudar, um policial seria capaz de me agredir? Sim, ao invés de ajudar, o policial me agrediu. Além disso, não consegui fazer o boletim de ocorrência online e não tive acesso a nenhuma informação de como proceder, qual delegacia ir, com quem falar.

O senhor pensou em desistir de fazer a denúncia diante dessa dificuldade? Pensei sim, mas isso é uma missão, não posso deixar impune. Meu namorado queria que eu parasse pelo desgaste psicológico. Era para eu estar Porto de Galinhas, mas parei minhas férias para levar adiante os meus direitos. E sem ajuda nenhuma do estado. Soube que já avisaram ao governador e a secretaria de Direitos Humanos, mas ninguém me procurou.

Qual lição o senhor tira do ocorrido? Na verdade, fico feliz que tenha acontecido comigo. Afinal eu tenho recursos para reagir. Nesse momento meus privilégios falam mais alto, pois sou branco, loiro e de classe média. Fiz o boletim de ocorrência e soube que o motorista foi desligado da empresa onde trabalhava. Ainda estou digerindo tudo o que aconteceu, mas o momento é de luta.

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