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Antártida: fogo consumiu 70% de base brasileira

Estação Comandante Ferraz pegou fogo no sábado, causando duas mortes. Aeronave com militares e pesquisadores chega ao Rio no fim da noite

Por Da Redação
26 fev 2012, 12h08

A Marinha informou neste domingo que o incêndio que ocorreu na madrugada deste sábado consumiu 70% da Estação Comandante Ferraz (EACF), na Antártida. O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos morreram no acidente. O primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros ficou ferido.

Segundo avaliação preliminar da equipe do Grupo-Base que esteve na estação brasileira, o prédio principal da EACF (onde ficavam a parte habitável e alguns laboratórios de pesquisas) foi completamente destruído pelo incêndio. Permaneceram intactas somente as estruturas isoladas do prédio: os refúgios (módulos isolados para casos de emergência), os laboratórios (de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera), os tanques de combustíveis e o heliponto.

Os corpos dos militares já foram transferidos para a Base Chilena Eduardo Frei, onde permanecerão até o seu transporte para o continente, na cidade de Punta Arenas, no extremo sul do Chile. A remoção dependerá das condições meteorológicas na região. Depois, os corpos serão transportados para o Brasil.

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O militar ferido está internado no Hospital das Forças Armadas do Chile. Ele não corre risco e não possui restrições quanto ao regresso ao Brasil.

Resgate – Pousou às 3 horas da madrugada deste domingo em Punta Arenas o avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) que fará o resgate dos militares e pesquisadores que estavam na base brasileira. A previsão da Marinha é que a aeronave pouse na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, às 23h50 (horário de Brasília).

O avião trará 45 pessoas: trinta pesquisadores, um alpinista, um representante do Ministério do Meio Ambiente, doze funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e o militar ferido. Antes, entre 20h30 e 21 horas, haverá escala em Pelotas (RS), onde quatro pesquisadores desembarcarão.

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O Ministério da Defesa confirmou no sábado a morte dos dois militares no incêndio, que ocorreu por volta de 2 horas da madrugada na Praça de Máquinas, local onde ficam os geradores de energia. Os corpos foram encontrados na tarde de sábado. Um Inquérito Policial Militar foi aberto para apurar as causas do incêndio.

“Num ato de heroísmo, eles estiveram justamente no local de maior risco, na tentativa de debelar o incêndio e não conseguiram”, declarou a Agência Brasil o ministro da Defesa, Celso Amorim. “Todos os pesquisadores e funcionários civis foram resgatados e já se encontram no Chile”.

Segundo o ministro, praticamente toda a estação foi destruída pelas chamas. “Todo o núcleo central da base, que é onde estão concentradas essas instalações, foi perdido”, disse. “O grau exato do que aconteceu ainda precisa ser objeto de perícia, mas a avaliação é de que realmente perdeu-se praticamente tudo”. Amorim afirmou que ainda não é possível saber quando a estação voltará a operar, mas que o planejamento para que isso ocorra o mais rápido possível terá início já na próxima semana.

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Programa continua – Apesar das perdas, o ministro garantiu que o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) não será encerrado. “Esse é um projeto de trinta anos de empenho da sociedade brasileira, que tem todo o apoio do governo e do Congresso brasileiro”, declarou. “O programa antártico é um motivo de orgulho para nós, de modo que vamos continuar”.

Segundo informações da Marinha do Brasil, os familiares dos oficiais tinham sido informados do desaparecimento e estariam recebendo todo o apoio das Forças Armadas. A Marinha também declarou que está acompanhando os familiares do primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros, que se feriu no acidente e está internado.

A nova base brasileira na Antártida terá uma arquitetura nova, mais “completa e orgânica”, afirmou neste domingo o ministro da Defesa, Celso Amorim. Segundo ele, o planejamento para a nova base começa nesta segunda-feira.

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“A nossa ideia é imediatamente, já, chamar arquitetos para fazer desenhos, inclusive um desenho mais novo. Não estou dizendo que é por isso que aconteceu o incêndio, mas, obviamente, a base começou há 30 anos, então, ali ela foi agregando um pedaço ou outro. Agora já podemos pensar numa coisa para o futuro, digamos, de maneira mais completa, mais orgânica”, disse Amorim.

Amorim ressaltou que ainda não é possível avaliar os danos na estação incendiada, nem precisar quando a nova base estará pronta.

Tempo ruim – As condições meteorológicas na região da estação neste sábado eram muito ruins, afirmou a Marinha, em nota. Com isso, o chefe da Comandante Ferraz e os integrantes do chamado ‘grupo-base’ – conjunto de militares responsáveis pela manutenção das instalações – foram transferidos para a base chilena Eduardo Frei, a trinta quilômetros da estação brasileira.

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Assim que as condições climáticas melhorarem, a Marinha pretende enviar ao local uma equipe do grupo-base, liderada pelo chefe da estação. Eles ajudarão no trabalho de perícia e no resgate dos dois corpos. Os militares contarão com o apoio do navio “Lautaro”, da Armada do Chile. Uma embarcação da Marinha brasileira também foi designada para a tarefa.

Governo brasileiro – O ministro da Defesa, Celso Amorim, já havia divulgado uma nota no começo da tarde deste sábado em que se dizia consternado com a informação do acidente na estação. Ele informou ter recebido a notícia logo no início da manhã e, em seguida, comunicou o fato à presidente Dilma Rousseff. Na sequência, entrou em contato com os ministros de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para tratar do assunto.

Amorim disse que recebeu da Marinha um relato de todas as providências tomadas para contenção do incêndio na base e auxílio imediato a todos que se encontravam no local. O ministro acrescentou que vem acompanhando de perto os desdobramentos do acidente e as ações de apoio aos brasileiros e suas famílias.

O titular da Defesa relatou também a conversa que teve com seu colega chileno, o ministro Andrés Allamand, na qual agradeceu todo o apoio prestado pelo país vizinho no socorro e traslado das vítimas. O embaixador brasileiro em Santiago, Frederico Araújo, acompanhado de diplomatas e adidos militares, foi enviado a Punta Arena para prestar apoio aos brasileiros no local.

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