Alunos e pais fazem ato e abaixo-assinado contra proibição de livro
Colégio Santo Agostinho retirou Meninos sem Pátria da lista de leitura do 6º ano
Alunos, ex-alunos e pais de estudantes do Colégio Santo Agostinho, que fica no Leblon, zona sul do Rio, organizaram abaixo-assinado e ato público contra a decisão da direção da escola de retirar o livro Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, da lista de leitura dos alunos do 6º ano. A obra de ficção trata de uma família obrigada a deixar o Brasil durante a ditadura militar e foi criticada por outros pais que a acusaram de defender valores de esquerda, conforme noticiado por VEJA nesta terça 2.
A manifestação está marcada para começar na manhã desta sexta, 5, diante da escola. Até 10h50 de quinta, 545 pessoas haviam confirmado presença ou manifestado interesse no ato, convocado em uma página aberta no Facebook. O abaixo-assinado, organizado por ex-alunos e por mães e pais de estudantes, reivindica que o colégio resista aos “ataques conjunturais” e reafirme “seu currículo e suas opções pedagógicas”.
Os autores do texto ressaltam os valores do colégio e citam declaração do papa Francisco sobre a “disseminação da intolerância e do ódio”. Lembram que, por conta do período eleitoral, ocorre no país um combate ideológico em que parte da população “pretende empreender uma releitura daquilo que se passou em nosso país depois do golpe de Estado de 1964, que acarretou na implantação de uma ditadura de duas décadas”.
O documento afirma que “quando a sociedade se desestabiliza”, as instituições “devem se manter cuidadosas, evitando ao máximo um comportamento oscilante”. A retirada do livro da lista de leituras gerou também um protesto informal: alguns alunos, que já haviam comprado Meninos sem pátria, decidiram fazer a leitura do livro durante o horário do recreio.