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Alterações em projetos de boates são principal causa de acidentes

Segundo o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, donos de casas noturnas fazem mudanças no espaço e não avisam à fiscalização. Em muitos casos, esses locais deixam entrar mais pessoas do que o permitido pelos bombeiros

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 jan 2013, 19h43

“As pessoas fazem um projeto, abrem a casa de show, ganham a licença e depois, com o tempo, sem avisar, fazem alterações. As pessoas que frequentam não têm como saber”, afirma Cosenza, vice-presidente do CREA-RJ

Não é difícil encontrar casas noturnas que apresentam um projeto para a prefeitura e, depois, fazem modificações sem informar à fiscalização. A constatação é de Luiz Antonio Cosenza, vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) e integrante da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes da instituição. “Há muitos casos em que a boate foi projetada para certa quantidade de pessoas e acaba ultrapassando em muito a lotação. Pode ser que isso tenha acontecido em Santa Maria”, disse Cosenza ao site de VEJA.

Um problema recorrente no Brasil, que vem à tona a quase todo o acidente que termina tragicamente em numerosas mortes, é a falta de manutenção. Ainda não é precisa a causa do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. De certo, foi a dificuldade que as pessoas encontraram para deixar a casa noturna por uma única porta. Segundo testemunhas, um show pirotécnico da banda que se apresentava na madrugada de domingo provocou o incêndio que deixou 231 mortos e 124 hospitalizados. “Será que não é hora, por exemplo, de pensar que casa de festa tem que ter saída lateral? Pelo menos que se aprenda com o acidente”, alerta Cosenza. O fato é que, em algum momento, foi dada a licença para a boate Kiss, por mais que estivesse vencida este ano, como divulgaram os bombeiros. Isso reforça a possibilidade de haver mais pessoas do que deveria dentro da Kiss.

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“As pessoas fazem um projeto, abrem a casa de show, ganham a licença e depois, com o tempo, sem avisar, fazem alterações. As pessoas que frequentam não têm como saber. Agrava essa situação o fato de o Brasil não ter tradição de se preocupar com manutenção”, afirmou o engenheiro. “A falta de manutenção causa aproximadamente 90% dos acidentes no país. Não existe acidente que foi motivado por fatalidade. Alguma coisa foi cometida de forma errada”, disse.

Às vezes, as casas noturnas alugam o espaço para festas. Não se sabe se esse foi o caso da boate Kiss. Mas, nessas circunstâncias, não é incomum que os organizadores do evento preencham o espaço com mais pessoas do que a lotação apresentada à prefeitura no momento da concessão da licença. E aí, segundo Cosenza, a culpa não é só da festa ou só do dono do local, mas dos dois.

Outra questão que é levantada quando um acidente desse porte acontece é a da fiscalização por parte dos bombeiros. Como a boate funcionava sem alvará? Por que os militares não vetaram o funcionamento da casa se ela estava irregular? “O bombeiro tem atribuições que não deveriam ser dele. No caso da fiscalização, acredito que seja incumbência deles, mas acaba sem ter gente suficiente para esse serviço. Quantas boates existem que devem estar com licença vencida e colocando uma quantidade maior do que a autorizada pelos bombeiros?”, questiona.

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