Advogados de Cunha são xingados de “safados”, e entidades reagem
Instituto de Defesa do Direito de Defesa e OAB do Paraná criticam ataque a defensores
A Ordem dos Advogados do Brasil – subseção Paraná – e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) condenaram os ataques sofridos pelos advogados do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para as entidades, as agressões sofridas na porta da sede da Polícia Federal de Curitiba na noite de quarta-feira representam um atentado ao direito de defesa e, consequentemente, ao Estado Democrático de Direito.
Na quarta-feira, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso foram perseguidos por manifestantes após se reunirem com Cunha na carceragem da Polícia Federal. Aos gritos de “bandido”, “safado” e “cachorro”, o grupo os acusava de estar recebendo “honorários de propina” para defender o ex-deputado.
“É lamentável que a profissão do advogado seja confundida com a do cliente”, criticou o criminalista Fabio Tofic, presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa.
Para Tofic, que também atua na defesa de réus da Operação Lava-Jato, a livre atuação do advogado é o que garante a legitimidade do processo penal e uma eventual condenação. O criminalista afirma que, sem isso, a sociedade estará sujeita ao autorialismo.
“Quais são as duas profissões que mais sofrem quando surge um Estado autoritário? Advogado e jornalistas. Você percebe que nas últimas semanas essas profissões foram sensivelmente abaladas. É um sismógrafo que as coisas não estão bem. Como bem disse o nobre ministro Barroso: é um déficit civilizatório atacar quem pensa diferentemente”, finalizou Tofic.
Em nota, OAB-PR repudiou as agressões. A entidade afirmou que o exercício técnico da advocacia faz parte da história da humanidade e é adotada “em todas as nações que praticam o regime democrático na busca da sempre esperada Justiça”.