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A música retoma seu espaço na nova Líbia

Por Por Inès BEL AïBA
14 set 2011, 15h11

Todas as noites, na praça Tahrir de Benghazi, pode-se ouvir cânticos patrióticos compostos durante a insurreição e muitos querem ver o renascimento de uma vida cultural, por muito tempo sufocada na Líbia.

Aí neste local, em frente ao mar, símbolo do levantamento contra Muamar Kadhafi, na cidade rebelde do Leste, um bazar singular se instala no cair da noite: pode-se encontrar bandeiras, xícaras com a efígie de Omar al-Mokhtar, o herói da resistência ao colonizador italiano, broches, mas principalmemte numerosos CDs e fitas cassetes exaltando a “Líbia livre” ou prestando homenagem aos “mártires”.

“O CD de Salah Ghaly, por favor”, pede impaciente uma menina, no balcão.

Salah, um jovem líbio de Benghazi, residente no Cairo, conheceu um grande sucesso com duas canções, uma sobre Trípoli e outra falando de Benghazi.

“Era importante para mim cantar as duas cidades”, disse ele à AFP por telefone. Com a guerra, na verdade, surgiu o temor de aprofundar o antagonismo entre a capital, amada pelo ex-Guia, e Benghazi, recalcitrante e desamparada.

“Trípoli, capital da Líbia livre, jamais aceitarei outra”, canta ele.

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Perto da praça, uma faixa instalada pelas novas autoridades em Benghazi proclama: “a Líbia é uma só e sua capital é Trípoli”.

“Leste e Oeste não vão mais nos separar, a partir de hoje viveremos como uma só família líbia (…), e mais ninguém virá nos falar de ditadura”, prosseguiu, prestando homenagem, além disso, a “Benghazi livre” em sua outra canção.

“Vocês não podem imaginar a que ponto as músicas de Ghaly nos levantaram o moral”, comenta Safa Fathi al-Fakhri, uma líbia de 19 anos.

“Antes, não conhecíamos senão Muamar, seu livro verde, sua bandeira verde, não havia nada mais. Éramos um país ignorante, não conhecíamos nenhum artista”, contou.

As canções patrióticas floresceram desde o início para animar as multidões. Numerosos jovens líbios esperam, hoje, aproveitar de sua nova liberdade para, enfim, expressar-se à vontade e na música, como “Guys underground”, um grupo de rock pop de Benghazi, criado em 2008.

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Sob Kadhafi, era impossível abordar assuntos como a política, comentou Marwene Gargoum, 23 anos, um de seus integrantes.

“Tentamos falar do que acontece verdadeiramente na Líbia, mas porque éramos vigiados, explicávamos de maneira indireta. Não tínhamos como gravar um CD. Se quiséssemos um patrocinador, um estúdio, era preciso cantar para Kadhafi”, desabafou ele.

“Aconteceu três vezes ficarmos sem eletricidade durante um show, quando nos obrigaram a cantar em árabe; as nossas páginas na internet foram pirateadas. Quando viam as pessoas se divertirem, faziam tudo para impedi-las. Era isso o regime de Kadhafi”, disse ele sorrindo.

Antes da queda de Kadhafi, o grupo “perdeu a esperança e pensava fugir do país”, disse Marwene. “Queríamos, também, ser conhecidos nos Estados Unidos e na Europa. Não queríamos que as pessoas dissessem: A Líbia é igual à Al-Qaeda, é igual ao deserto, é igual a um camelo”, afirmou.

“Antes de 17 de fevereiro, o povo estava frustrado. Hoje os talentos explodem e isso é apenas o começo”, disse sorrindo.

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