Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A “diplomacia” militar funcionou

Ministro da Defesa rechaça a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, mas afirma que o Brasil está preparado para um eventual conflito armado

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jul 2019, 17h49 - Publicado em 31 Maio 2019, 07h00

Na quarta-feira 29, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, recebeu VEJA em seu gabinete em Brasília. Em meia hora de entrevista, com seu estilo moderado, ele rechaçou a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, mas afirmou que o Brasil está preparado para um eventual conflito armado.

Qual foi o momento de maior tensão durante estes catorze meses de operação de acolhimento de venezuelanos na fronteira? Foi quando houve o fechamento da fronteira no lado de lá, e os venezuelanos do nosso lado passaram a lançar pedras nos guardas da Venezuela. Os ânimos foram acirrados quando uma viatura deles se aproximou da fronteira. Mas daí vem o que a gente chama de diplomacia militar. Entramos em contato com os militares venezuelanos e dissemos: “Isso aí, não. Não pode botar um carro, senão eu boto um meu”.

Uma ala do governo defendia uma resposta mais dura. Mas a resposta foi adequada. Mostramos que não havia necessidade de colocarem o carro, e eles o tiraram. Caso contrário, ia-se escalar uma crise.

Há a possibilidade de guerra com a Venezuela? Eu não tenho bola de cristal, mas, no momento, não há motivo para uma intervenção militar. Não existe essa possibilidade por enquanto.

Continua após a publicidade

E se houver algum tipo de avanço da Venezuela em direção à fronteira brasileira? Em primeiro lugar, não vai haver. Mas, se houver, nós vamos dar a resposta. Não tenha dúvida disso. Isso nós não vamos admitir de forma alguma.

O Brasil está preparado para um eventual conflito armado? Antes de tudo, afirmo que não vejo essa necessidade. Mas estamos preparados. Temos um programa de mobilização que poucos países têm, temos o pessoal da reserva e indústrias estratégicas que podem fabricar mais munição.

Quanto uma guerra custaria? Depende da extensão. Há vários planejamentos, mas são reservados.

Continua após a publicidade

Qual desfecho o senhor prevê para a crise na Venezuela? Estive lá quatro vezes, acompanho de perto, e digo que a situação continua imprevisível. Um lado não cede, o outro acha que não tem de ceder. Há muitos atores envolvidos no mundo inteiro. A gente torce para que se resolva logo. Agora, a linha do Brasil já está traçada: é seguir a Constituição, que determina a não intervenção e a prevalência dos direitos humanos.

Até quando o Brasil vai suportar esse fluxo de venezuelanos? Iniciamos a operação com recursos suficientes para um ano. O prazo de validade era até abril, e o presidente decidiu prorrogá-lo por mais um ano. Ainda que se resolva a situação politicamente, vai haver um delay e os venezuelanos continuarão chegando. E nós estamos com os abrigos cheios. Precisamos interiorizar as pessoas mais rapidamente. É o que elas querem: emprego e oportunidade, e isso o Brasil pode dar. Estamos com mais de 7 000 interiorizados, que as prefeituras acolheram. Há gente qualificada que pode ser aproveitada. Já chegaram professores, engenheiros, médicos. Eles preferem ter alguma expectativa de vida a continuar como estavam lá, sem emprego e sem comida.

Brasil e Estados Unidos dialogam sobre a situação na Venezuela? Há um alinhamento. Sempre tivemos boas relações. Eles são uma potência e estão preocupados, como nós também estamos. Temos de juntar esforços.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 5 de junho de 2019, edição nº 2637

Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA
Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.