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A caminho de um recorde: ser cassado duas vezes do mesmo cargo

Condenado pela Justiça em 2009 por compra de votos, o governador do Tocantins, Marcelo Miranda, agora é acusado de usar dinheiro ilegal na campanha do ano passado

Por Kalleo Coura 4 jul 2015, 19h51

O governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), pode entrar para a história. Mas não pela porta da frente. Se uma ação que o Ministério Público Eleitoral apresentou contra ele na semana passada avançar, ele pode se tornar o primeiro governador brasileiro a ser cassado duas vezes do cargo. Em 2009, o Tribunal Superior Eleitoral cassou seu mandato, por unanimidade, porque ele criou milhares de cargos e nomeou funcionários para conseguir votos. Além disso, doou mais de 5 000 lotes e 81 000 óculos para pessoas carentes, com o mesmíssimo objetivo. A punição, no entanto, parece não ter surtido efeito. Desta vez, ele é acusado de captar e gastar de maneira ilegal recursos para sua campanha e abuso de poder político. A pena, se for condenado, é a mesma, a cassação.

Em 18 de setembro do ano passado, duas semanas antes do primeiro turno da eleição, cinco pessoas foram presas num avião em Piracanjuba, no estado de Goiás, com 500 000 reais em dinheiro. O objetivo da operação era combater o tráfico de drogas, mas os policiais acabaram encontrando, segundo o procurador eleitoral George Lodder, dinheiro “com o fito de fomentar caixa 2 destinado aos, à época, candidatos ao governo do Estado do Tocantins Marcelo de Carvalho Miranda e Cláudia Telles de Menezes Pires Martins Lelis (sua vice na chapa), bem como 3,6 quilos de santinhos referentes a Carlos Henrique Amorim (Gaguim), aspirante ao cargo de deputado federal”.

Segundo o procurador, um homem que foi preso quando o dinheiro foi apreendido, Douglas Alencar Schimitt, disse trabalhar para o político. Schimitt alegou que era “um dos responsáveis pela campanha de Marcelo Miranda, e como o referido político está com as contas bancárias bloqueadas, ficou responsável por encontrar laranjas que pudessem emprestar contas para depósitos e saques de grandes quantias de dinheiro que seriam utilizadas na campanha”.

Depois, o homem negou as declarações e disse integrar um grupo político adversário, mas a mudança na versão não convenceu o Ministério Público, até porque há outros indícios que ligam o dinheiro a Miranda: no dia da apreensão, o piloto do avião, Roberto Carlos Barbosa, ligou sete vezes para Cleanto Carlos de Oliveira, coordenador de voos da campanha do PMDB. Ao ser preso, Schimitt também fez a sua primeira ligação telefônica para a mesma pessoa, Cleanto.

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Se o enredo depois da apreensão liga o dinheiro ao governador, o que aconteceu antes dela só completa o quadro. Três dias antes da apreensão, o irmão do governador, José Miranda Junior, havia enviado uma mensagem de texto para um dos detidos, Marco Antonio Roriz, com o número e o nome de Douglas Schimitt. Na resposta: “Acertei com Douglas ok!”. No dia seguinte, segundo a Procuradoria Eleitoral, Roriz levou Schimitt à Consult Factoring — uma empresa criada meses antes, em nome de dois jovens de 19 anos — para recolher doze cheques que totalizavam mais de 1,5 milhão de reais. Um dia antes da detenção, Roriz avisa ao irmão do governador: “Saindo Piracanjuba ok!”. Piracanjuba, a mesma cidade onde no dia seguinte o avião com 500 000 reais foi apreendido.

Para o Ministério Público, tudo isso indica que “promoveu-se ampla circulação de capitais, como forma de esconder a sua origem e que se destinava à campanha de Marcelo de Carvalho Miranda”. Se a Justiça concordar, Miranda se tornará o primeiro governador a ser cassado duas vezes. Um recorde pouco louvável.

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