A briga de Sâmia e Glauber com bolsonaristas: ‘Não tenho medo de milícia’
Vistos como "casal 20" do campo progressista, deputados antagonizam com ala conservadora no Congresso

Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ) são dois dos mais combatentes parlamentares da Câmara dos Deputados. Vistos como espécie de “casal 20” do campo progressista, eles frequentemente se colocam na linha de frente em debates acalorados com as alas bolsonaristas.
As brigas costumam ser devidamente registradas em celulares e divulgadas nas redes sociais, onde a dupla se coloca como antagonista do campo conservador. A atuação combativa do casal é uma das linhas de investigação determinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
“Não tenho medo do senhor, não tenho medo de Eduardo Bolsonaro, não tenho medo de miliciano nem de defensor de miliciano e torturador”, disse Glauber no plenário, no fim do ano passado, ao rebater a fala de Bibo Nunes, um representante do campo da direita.
https://web.facebook.com/watch/?v=1173051156573575
Em maio, Glauber publicou um vídeo de uma audiência que discutia a aposentadoria de militares. O também deputado General Girão(PL-RN) é flagrado dizendo para Eduardo Pazzuelo (PL-RJ) que iria dar um soco no psolista.
“EU IA LEVANTAR E DAR UM SOCO NELE AÍ”.
Isso foi o q disse o deputado general Girão a Pazuello se referindo a Glauber. O áudio mostra a irritação do general em relação às cobranças q Glauber fez ao defender Praças das Forças Armadas.
Que medidas vocês acham que devemos adotar? pic.twitter.com/Eat0zJSEea— Glauber Braga (@Glauber_Braga) May 4, 2023
Ele também já bateu boca com o próprio Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que ameaçou retirá-lo do plenário.
Durante a votação do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Glauber acusou Eduardo Cunha, então presidente da Casa, de “ser um gângster”. E votou contra a medida evocando o nome do ex-guerrilheiro de esquerda Carlos Marighella.
Sâmia Bomfim não fica atrás, em termos de polêmica. Em maio deste ano, a deputada discutiu com o ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias (PL-RJ). Durante audiência da atual ministra, Margareth Menezes, Sâmia interpelou o colega, que a interrompia durante o período destinado à sua fala. “Por que não trabalhou nos últimos quatros anos? Parou de ficar puxando o saco e agora vem aqui. Foi convidado seis vezes para vir à comissão de Cultura e nunca veio. Agora que não é mais secretário quer ficar respondendo?”, disse na ocasião.
As discussões entre Sâmia e a ala conservadora do Congresso também eram frequentes. Durante debate sobre o Estatuto do Nascituro, ela e o deputado Pastor Eurico (PL-AL) bateram com as mãos na mesa, aos gritos. “Abortista não tem vez!”, urrava Eurico, enquanto Sâmia dizia que também sabia esmurrar o tampo de madeira. “Se não consegue ouvir uma mulher, o que está fazendo na política?”, indagou.
Nenhum desses episódios envolvendo colegas de plenário, pelo menos até o momento, extrapolou para fora do parlamento ou foi visto como algo que pudesse ameaçar a integridade física dos deputados progressistas.
Em agosto de 2022, contudo, a deputada formalizou um Boletim de Ocorrência na polícia, declarando sofrer ameaças nas redes sociais. “Sua servidora pública parasita vagabunda. Acha que vai continuar exercendo este cargo até de deputada federal até 2023? Nana-nina-não, sua vadia. Vamos te amarrar na frente do seu filho”, diz a mensagem endereçada à deputada, que revelou o ataque nas redes sociais.