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A batalha de Cerveró para não voltar à cadeia

Para pagar a multa imposta pela Lava-Jato e manter-se em prisão domiciliar, o ex-diretor da Petrobras vai à Justiça contra a própria mãe por herança do pai

Por Ullisses Campbell
25 nov 2016, 20h34

Até o ano passado, Nestor Cerveró vivia como um rei. Quando era diretor da área Internacional da Petrobras, recebia só de salário 135.000 reais por mês — sem contar os 40 milhões de reais em propinas que admitiu ter embolsado em menos de dois anos. Morava em uma cobertura de 300 metros quadrados em Ipanema, com vista para o mar, e sua única preocupação financeira era como gastar tanto dinheiro.

Hoje, tudo isso ficou para trás. Com as contas bloqueadas pela Justiça e uma penca de credores batendo à sua porta, ele junta moedas para pagar a multa de 17 milhões de reais imposta pela Lava-­Jato. Ela vence em 1º de janeiro. Se não quitar a dívida, sairá da prisão domiciliar que desfruta desde junho deste ano e voltará para trás das grades.

Sem um tostão, comprou uma briga de família para conseguir o que, nos tempos áureos, considerava troco. Entrou na 12ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio de Janeiro para reivindicar 459.000 reais da herança de seu pai, que estão com sua mãe, Carmem Cerveró Torrejon de Cuñat, de 90 anos, e sua irmã, Mary Carmem Cuñat Cerveró.

Quando o pai morreu, em outubro de 2013, Cerveró escreveu uma carta de próprio punho à família abrindo mão da herança, diz a irmã. Ainda assim, ela relata ter assinado um cheque de 50.000 reais em favor do irmão. Mary confessou a VEJA ter ficado surpresa com a iniciativa de Cerveró de requerer parte na herança neste momento.

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A tentativa é um dos caminhos que o agora delator da Lava-Jato busca para juntar dinheiro. Quando fez acordo de delação, ele teve seis apartamentos no Rio confiscados. Pôs todos à venda, mas, com a crise, não conseguiu vender nenhum. A cobertura em Ipanema está no mercado por 9 milhões de reais. Não teve ofertas.

Atualmente, Cerveró cumpre a prisão domiciliar em uma casa em Petrópolis. Além da dívida, problemas mais mundanos o atormentam por lá. Como a região é montanhosa, sua tornozeleira eletrônica perde o sinal de GPS com frequência, o que força os funcionários da Justiça do Paraná a lhe telefonar constantemente para saber se continua no local. Apesar de ele próprio atender o telefone, os agentes pedem que fique no quintal por pelo menos dez minutos, para que o sinal seja restabelecido.

Se não conseguir pagar as dívidas, ao menos esse problema Cerveró não vai mais ter — na carceragem de Curitiba, os agentes poderão vigiá-lo bem de perto.

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