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A angústia dos cristãos do Oriente ante o avanço islamita

Por Por Rita Daou
14 dez 2011, 14h49

O avanço islamita nos países da “Primavera Árabe” vem sendo motivo de comoção entre as minorias árabes cristãs, preocupadas com sua sobrevivência e temerosas, agora, de ver o Oriente Médio mudar de aspecto.

“Os cristãos têm medo e com boas razões. No momento, o futuro das minorias cristãs é bastante sombrio, com uma conjuntura política desfavorável”, afirmou à AFP Odon Vallet, historiador francês especialista em religiões.

“Há 30 ou 40 anos, viviam muito melhor. As mulheres não usavam o véu muçulmano no Cairo, em Bagdá e Damasco. No prazo de uma só geração, tudo mudou, pois o Islã, ou melhor, o islamismo, aparece como um refúgio contra as tendências ocidentais”, prosseguiu.

No Egito e na Tunísia, onde revoltas populares puseram fim a décadas de ditaduras que se declaravam “leigas”, os partidos islamitas aparecem como os grandes vencedores, colhendo nas urnas os frutos da rebelião.

Na Líbia e na Síria, os islamitas também aparecem nos primeiros planos.

E essas razões são mais do que suficientes para transtornar comunidades cristãs já em declínio, devido à migração e a guerras sucessivas na região.

No Iraque, restam 500.000 dos entre 800.000 e 1,2 milhão de cristãos que viviam nesse país antes da invasão americana, em 2003.

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Muitos preferiram deixar esses países quando sua comunidade foi alvo de ataques sangrentos.

Apesar da participação de numerosos coptos (6% a 10% dos 80 milhões de egípcios) na revolta no Egito, houve o registro de confrontos religiosos sangrentos, depois da queda de Mubarak.

Na Síria, onde os cristãos (5 a 10% de uma população de 22 milhões de habitantes) gozam de liberdade religiosa e onde muitos deles ainda apoiam o regime alawita (ramo do islã, também minoritário), há temores de uma vingança eventual por parte da maioria sunita, no caso de queda do regime atual.

No Líbano, onde possuem um estatuto político ímpar no mundo árabe, os cristãos estão em declínio demográfico, devido, principalmente, à imigração.

O “desaparecimento (dos cristãos do Oriente) seria uma catástrofe”, afirmou no começo de dezembro o cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do conselho pontifical para o diálogo entre as religiões, do Vaticano. “São a ponte entre o Oriente e o Ocidente”, considerou.

Se as revoltas árabes trouxeram uma baforada de oxigênio a povos reprimidos durante décadas, alguns cristãos temem que elas marquem, também, o ponto de partida de sua destruição.

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Para o padre Raphael Zougheib, doutorando da Universidade gregoriana de Roma, “os cristãos sempre foram minoria no Oriente Médio, mas uma minoria ativa”.

“O que é preocupante, é que se tornaram minoria paralisada pelo medo”, destacou o sacerdote, que está escrevendo uma tese sobre as conjunturas enfrentadas pelo cristianismo no Oriente Médio.

Considera que os cristãos devam ser considerados como quaisquer outros cidadãos, não como minoria a ser protegida.

“O medo é compreensível, mas os islamitas não são todos iguais e nem todos querem ter um Estado religioso (islâmico)”, disse.

“Os cristãos não serão destruídos”, afirmou.

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