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3 mortes e 1 bebê tetraplégico: favelas do Rio fazem ato por paz

Após semana com série de vítimas atingidas por balas perdidas ou granadas lançadas em tiroteios, moradores de 680 comunidades protestam em Copacabana

Por Da Redação
2 jul 2017, 16h13

Mãe e filha mortas por balas perdidas na Mangueira, um homem atingido fatalmente por estilhaços de granada em confronto no Pavão-Pavãozinho, um bebê baleado na barriga da mãe na comunidade do Lixão, na Baixada Fluminense e que ficou tetraplégico e está em estado gravíssimo. Após uma semana sangrenta, moradores de favelas de várias áreas do Rio se reuniram neste domingo em Copacabana para pedir paz.

O evento batizado de 1º Encontro de Favelas pela Paz no Rio foi o pontapé inicial para a criação de um Fórum Permanente de Segurança Pública de Favelas e Desenvolvimento Social, onde haverá discussão sobre a violência nas comunidades. O Ministério Público e a Defensoria Pública foram convocados para acompanhar o movimento, organizado por presidentes de associação de moradores de 680 favelas.

Apesar da chuva, ônibus trazendo moradores de favelas de várias áreas não paravam de chegar à orla, na frente do Copacabana Palace, hotel que é um ícone do glamour da zona sul, bem distante da realidade dos moradores dos morros. Os manifestantes vestiam camisas amarelas, estampadas com uma pomba (símbolo da paz) e com os dizeres “As favelas pedem paz” e erguendo faixas com pedidos de socorro.

A presidente da Federação Municipal das Associações de Favelas do Rio de Janeiro, Deusimar da Costa, disse que o objetivo é combater o descaso público e a violência que atinge o cotidiano dos moradores, em especial a violência policial. “É dever da polícia combater o tráfico, mas também proteger o cidadão. E o cidadão de favela não está sendo protegido”, afirmou. “Se o estado não consegue fazer seu papel sem sacrificar a população, tem que buscar alternativa. O ato não é contra a polícia, mas pela paz. O que acontece na favela é um genocídio maquiado de segurança pública”, alertou.

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Para os líderes das favelas e os moradores, a política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não surtiu efeito e a presença constante dos policiais até aumentou a violência nos morros. Os moradores se queixam também da ausência do estado na prestação de serviços, como saneamento básico. A associação de vítimas da violência, muitas vezes inocentes, com o tráfico, também revolta os manifestantes.

Maria Quitéria Conceição Santos, 45 anos, diz que foi o que aconteceu com seu filho, Wesley Daniel Santos Oliveira, morto em dezembro de 2015 com três tiros na comunidade do Jacarezinho. Ele tinha 17 anos, era evangélico, trabalhava e voltava da igreja quando foi atingido. “Não existe bala perdida. A polícia diz que confundiu meu filho com bandido porque ele estava no meio do fogo cruzado”, conta emocionada.

Moradora do Jacarezinho há 19 anos, Maria Quitéria diz que gostaria de sair do morro, mas não tem condições. Seu maior medo é que algo parecido aconteça com seus dois outros filhos, Camila, 22, e Gabriel, de apenas 4 anos. “Vim aqui por ele [Wesley] e para pedir paz na comunidade, que está muito violenta”, diz.

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Vítimas

A onda de mortes sem conexão com os tiroteios começou na quarta-feira, quando o faxineiro Fábio Franco de Alcântara, 38 anos, morreu atingido por estilhaços de granadas lançadas por traficantes contra policiais militares durante confronto no Morro do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio. Outras três pessoas ficaram feridas.

Na sexta-feira, no Morro da Mangueira, zona norte, Marlene Maria da Conceição, de 77 anos, e sua filha, Cristina da Conceição, 42 anos, foram atingidas por balas perdidas e morreram antes de darem entrada no hospital. Segundo a assessoria das UPPs,  a troca de tiros teve início quando policiais militares faziam patrulhamento e foram atacados por criminosos na região do morro conhecida como Buraco Quente.

Também na sexta-feira, um bebê foi atingido por estilhaços de bala perdida dentro da barriga da mãe, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Claudineia dos Santos Melo, de 29 anos, mãe da criança, foi ferida no quadril durante um tiroteio na Favela do Lixão. Levada para o Hospital Moacyr do Carmo, ela passou por uma cesariana de emergência. Foi então que os médicos constataram que a criança, que recebeu o nome de Arthur, havia sido atingida. Um tiro entrou pelo ombro direito do bebê, perfurou os pulmões e lesionou duas vértebras torácicas. O estado do bebê é gravíssimo – se sobreviver, ficará tetraplégico. A mãe também está internada em estado grave.

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(Com Estadão Conteúdo)

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