114 presos em operação contra milícia já foram libertados no Rio
A expectativa é as outras 23 pessoas detidas na ação e que tiveram a prisão preventiva revogada pela justiça deixem a penitenciária ainda hoje
Dos 159 presos na Operação Medusa, deflagrada no começo deste mês pela Polícia Civil contra grupos de milicianos no Rio de Janeiro, 137 tiveram a prisão preventiva revogada. Destes, 114 deixaram o sistema prisional. A informação é da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
O juiz Eduardo Marques Hablitschek, da 2ª Vara Criminal de Santa Cruz, determinou a soltura de 137 detidos a pedido do Ministério Público do estado. Durante toda a quinta-feira, familiares aguardavam a liberação dos detidos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.
Ao todo, a Operação Medusa prendeu 159 pessoas e apreendeu sete menores de idade que participavam de um show de pagode em um sítio em Santa Cruz, na Zona Oeste do estado. No último dia 19, a Justiça já havia revogado a prisão preventiva do artista de circo Pablo Dias Bessa Martins, também detido na operação policial. Ele viajou na terça-feira (24) para a Suíça, a trabalho. A expectativa é que os 23 restantes saiam ainda hoje (27). A Defensoria Pública do Estado (DPE) acompanha o processo de liberação e informou na quinta-feira (26) que o procedimento estava sendo feito de forma ágil.
Em nota, o órgão, que assiste diretamente 36 dos presos, declarou que a libertação deles é o início da correção dos graves erros e injustiças ocorridos desde o início da operação. A 20ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos tinha apurado as condutas de cada um dos 159 presos e concluiu que há elementos para denunciar 21 deles. Contra os outros 138 não existe nenhuma acusação.
Ao participar ontem do lançamento do relatório do Observatório da Intervenção, o sub-defensor público do estado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a Defensoria Pública tem se posicionado em relação a várias ações e que “não tem como dissociar essa prisão de 159 pessoas da intervenção federal”. “[Essa prisão] foi apresentada como um troféu da intervenção federal”, disse. “A intervenção está extremamente politizada, esse caso está muito politizado, e o nosso papel é despolitizá-lo”, destacou.
A operação foi apontada pela polícia como a maior ação de enfrentamento à milícia no estado do Rio. No entanto, desde as prisões, a DPE e familiares denunciaram a arbitrariedade do encarceramento em massa e o fato de a maioria dos presos não ter antecedentes criminais e exercerem trabalhos com carteira assinada. A Justiça manteve a prisão de 21 pessoas, seis delas não têm antecedentes criminais e nunca foram investigadas por integrar milícia.