Comédia espanhola explora preferências sexuais incomuns
Em ‘Kiki: Os Segredos do Desejo’, casais unidos por desejos que despertam diante das lágrimas ou do sono do parceiro não excitam, mas divertem bem
O final é lamentável. Uma cena inverossímil que não será citada aqui para não fustigar ninguém com um spoiler desnecessário e também porque a sequência não chega a estragar os mais de noventa minutos que o espectador já terá percorrido de Kiki: Os Segredos do Desejo, longa do espanhol Paco León em cartaz agora no Brasil. Criativa, a comédia explora as inusitadas preferências sexuais de alguns casais – há quem se excite com plantas, ao ver o parceiro chorar ou a mulher em sono profundo – em um roteiro que faz o ménage à trois parecer caretinha.
Excitação, aliás, é algo que fica fora do filme. Mas Kiki faz rir (e muito), informa (as parafilias, essas fantasias diferentes como a dacrifilia, que designa o desejo provocado pelas lágrimas, realmente existem) e, vá lá, faz pensar (não demasiado, e isso nem importa tanto também), com um roteiro que entrelaça as histórias dos personagens à maneira da série brasileira Justiça, da Globo, e impõe questões médicas e éticas. O pacote já faz valer a sessão.