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Por Sérgio Martins
Música sem preconceito: de Beethoven a Pablo do arrocha, de Elis Regina a Slayer
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‘Eu sempre quero tirar o artista da sua zona de conforto’

Zé Ricardo, responsável pelo Sunset, palco mais original do Rock in Rio, que começa no dia 27, fala de sua experiência como organizador de grandes encontros

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 set 2019, 15h34 - Publicado em 18 set 2019, 15h20

Quem acredita que Zé Ricardo, 48 anos, é um grande curador de festivais, certamente nunca o viu cantar. Ex-vocalista da banda Fibra de Vida (ao lado do guitarrista Davi Moraes) e autor de trilhas sonoras de filmes como Loucas para Casar e Minha Mãe é Uma Peça, ele possui uma discografia respeitável voltada para várias vertentes da MPB, em especial a soul music e o jazz nacionais. Ricardo tem um ótimo disco ao vivo, lançado em 2005, e que tem participação de Ed Motta e Djavan. Outro de seus feitos foi o projeto Música Preta Brasileira, ao lado de Toni Garrido e Sandra de Sá, que recuperou pérolas do sacolejo dos anos 70. Em 2008, Zé Ricardo estreou no Rock in Rio Lisboa na função de curador do Sunset, a principio o segundo palco em importância do festival. Mas ultimamente, o Sunset apresenta uma programação até superior a do Palco Mundo – que a cada edição parece um ajuntamento de artistas. Ricardo faz uma mescla de medalhões, novos nomes e inspiradíssimos encontros musicais. Para a nova edição do Rock in Rio, que se inicia nesta sexta-feira, dia 28, o Sunset traz o King Crimson, lenda do rock progressivo, e que nunca havia tocado no país. Ele irá se juntar a veteranos do hard rock como Whitesnake, lendas do thrash metal como Slayer e Anthrax; os encontros irão reunir IZA com Alcione, Mano Brown com Bootsy Collins (ex-James Brown e Parliament) e seleções do funk carioca e hip hop brasileiro. Zé Ricardo falou ao VEJA Música sobre sua filosofia musical, os momentos mais felizes do Palco Sunset e quais suas apostas.

Na teoria, o Palco Sunset é mais “tranquilo” de se montar do que o Mundo. Como as atrações principais são o chamariz, você tem mais liberdade para fazer tua escalação. Mas na prática a gente sabe que não é assim. Quais são os teus principais desafios?

Eu entrei no Rock in Rio em Lisboa com a missão de criar um conceito pra um palco que pudesse ser tão importante quanto palco o Mundo. No momento em que recebi o convite da (vice presidente do Rock in Rio) Roberta Medina entendi que precisa criar algo que ajudase a completar a experiência que o Rock in Rio propõe. Foi assim que o Palco Sunset nasceu. Foi um caminho longo até aqui e nada fácil. Mas hoje o palco tem status de Palco Principal também.  O principal desafio é o de convencer grandes artistas a experimentarem algo novo num palco pra 70.000 pessoas. Tirá-los da Zona de conforto.  O Palco Sunset é uma experiência para público e para o artista

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Como você monta a escalação do Palco Sunset e como ela conversa com as atrações do Palco Mundo?

Eu acredito que através da curadoria posso apresentar um recorte não só musical mas também social. Curadoria deve ser um reflexo da sociedade em que vivemos. Eu não procuro só grandes shows. Ou grandes artistas. Eu tento fazer com que a programação toda conte uma história. Eu uso três pilares na construção do line up do Sunset. O primeiro, é provocar. Quando coloco uma cantora trans angolana como a Titica junto com BaianaSystem. Depois, revelar. Quando coloco IZA com Ceelo Green. Por fim,atualizar. Trago George Benson ou King Crimson. São alguns exemplos das minhas várias buscas de deixar algo na cabeça e no coração do público do Rock in Rio. Fazê-los pensar!

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O Palco Sunset traz, em geral, artistas que tiveram mais popularidade em outras eras. Muitas vezes eles entendem que irão tocar num espaço menor. E quando eles não entendem?

Na verdade. hoje isso mudou um pouco. Em 2019 tenho artistas muito atuais como Jessie J e Charlie Putz. Em 2015, tive John Legend no auge. O crescimento do palco tem atraído cada vez mais artistas internacionais. Hoje recebo sugestões dos agentes internacionais com grandes nomes pro Sunset.  Na verdade, com artistas internacionais eu nunca tive problema de ser palco principal ou não. Só tive isso com artistas nacionais e bem no começo porque havia uma desconfiança de ser maior ou menor. Hoje isso não acontece!!!!

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Algum artista brasileiro que tocou no Palco Sunset foi para o Palco Mundo? 

Uma das coisas mais bacanas do festival hoje é o revezamento de artistas nos dois palcos. Sepultura, Seal, Nile Rodgers, Jessie J, Slayer, Offspring e vários outros grandes nomes tocam nos dois palcos e adoram. O Sunset e o Mundo têm essa troca interessante.

O Sunset oferece algo que anda em falta em muitos festivais: a possibilidade de renovação. Me conta um pouco mais sobre essa tua filosofia, inclusive o teu trabalho de “iluminar” a cabeça de certos artistas?

Antes de propor o encontro de artistas eu proponho o encontro de pessoas. Juntar pessoas não é fácil. Equilibrar egos e insegurança. Eu faço isso compartilhando meu propósito. Que é criar um momento inesquecível através da música. Os artistas que escolho entendem isso. Duas coisas fundamentais pra que um artista suba no Palco Sunset e tenha êxito são talento e generosidade. A vontade de dividir o palco com aquele artista tem que ser enorme. Muitas vezes uso exemplo do que deu errado com outros artistas pra fazer com que alguns entendam que pirar não os leva a lugar algum. Pé no chão e cabeça no infinito!

Na tua avaliação, quais foram os shows mais felizes do Sunset e os que você acha que poderiam ter sido melhores? Na minha curta carreira de direção artística já realizei shows que me orgulham demais. Shows como Sepultura e Zé Ramalho, Ceelo Green e IZA, Nile Rodgers, Ney Matogrosso e Nação Zumbi são alguns exemplos de que vale a pena correr riscos. Sempre que corri riscos tive êxito. Quando tentei ficar na minha zona de conforto, os shows não deram certo. Mas não gosto de falar do que não deu certo…

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Quais são as promessas do Sunset nesse Rock in Rio?

Pra citar alguns Xênia França, Gloria Groove, Hip Hop Hurricane, Melim e Ibeyi

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Você já está pensando na edição de 2021?

Comecei a trabalhar em 2021 a três meses atrás. Hahahaha. A cabeça do Roberto (Medina) já está em 2021 há tempos. E ele nos leva junto. A construção do line up do Sunset é artesanal.

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