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O amor nos tempos de cólera

Lee Fields, cantor americano de soul music, se apresenta nesta semana no país. No repertório, Special Night, seu mais recente disco, que fala de paz e amor

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 20h51 - Publicado em 7 jun 2017, 14h41
Lee Fields: “o mundo precisa que falemos de amor” (Divulgação/Divulgação)

 

 

 

No dia 22 de maio, um atentado a bomba em Manchester, cidade ao norte da Inglaterra, matou 23 pessoas e deixou 119 feridos, a maioria delas crianças e adolescentes. Onze dias mais tarde, dessa vez em Londres, três fanáticos desceram de uma van na Ponte de Londres e foram até o Borough Market, esfaqueando todos que encontraram pelo caminho, deixando um saldo macabro de 8 mortos. Os dias seguintes foram marcados pelo ataque a um policial na Catedral de Notre Dame, em Paris, e doze mortos e 39 feridos durante uma ação do Estado Islâmico em Teerã. Não, você não está no blog errado. Na verdade, esse cenário desolador pede no mínimo uma canção que levante o espírito. Assim acredita o soulman americano Lee Fields, que se apresenta nesta quarta, dia 07, no Rio (Vivo Rio, Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon; ingressos a partir de 100 reais), e na quinta, dia 08, em São Paulo (Cine Joia, Praça Carlos Gomes, Sé; ingressos a partir de 70 reais). No cardápio musical, as canções de Special Night, seu mais recente álbum, lançado em novembro de 2016, e que é recheado de mensagens de paz e amor. “É um tratado contra a negatividade que existe no mundo”, diz Fields.

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O bom momento atual de Lee Fields tem muito a ver com a retomada da soul music nos moldes das produções dos anos 60 e 70 – e que tem como principal representante a Daptone, gravadora de Nova York que lançou Sharon Jones e Charles Bradley, entre outras bandas e cantores. Fields iniciou sua carreira em 1969, com um vocal fortemente influenciado por James Brown. “Escutei os discos dele, como também ouvi muito Fats Domino, The Beatles e Wilson Pickett”, desconversa. A ascendência do pai do funk, no entanto, é tão clara que Fields foi apelidado de “little JB”, ou seja, “pequeno JB”. Mas ao contrário dos astros da Daptone Records, que saíram de subempregos para a apreciação da crítica, o cantor nunca deixou de gravar e se apresentar ao vivo. Entre altos e baixos, Fields passou as últimas décadas excursionando ao lado de grupos como Kool & the Gang e do vocalista O.V. Wright. Um dos selos pelos quais gravou, a Desco Records, de Nova York, mais tarde se dividiria em Soul Fire e a própria Daptone.

A carreira de Fields ganhou uma sobrevida quando ele se aliou aos Expressions, grupo de jovens aficionados pela velha escola do soul. Pode-se dizer que eles desempenham no cantor função semelhante que os Dap-Kings desempenhavam com Sharon Jones (morta, infelizmente, em 2016) e a Menaham Street Band desempenha com Charles Bradley. Fields, porém, tem mais carisma e repertório que Bradley, um pálido decalcador das canções e trejeitos de James Brown. Em certos momentos, Fields vai além da soul music tradicional. Jealousy, sua parceria com o DJ francês Martin Solveig, cuja batida está mais próxima da dance music do que os ritmos da Stax e da Motown, pioneiras da música negra jovem americana dos anos 60.

 

Special Night, o mais recente álbum de Lee Fields, fala especificamente de amor. Que pode ser tanto o carnal, como ilustra a faixa-título (“tem de ser ouvido ao lado de quem você ama”, professa) ou por um bem maior. A canção Make the World, por exemplo, nasceu de um sonho do soulman. “Eu me vi no futuro e observei que o mundo estava poluído e as pessoas estavam brigando. Pouco depois, tive outro sonho e o mundo tinha se tornado um lugar melhor para se morar.” Na visão de Fields, foi um aviso de que as mudanças começam com as próprias pessoas – é meio hippie, mas temos de dar um desconto para o moço, produto do paz e amor da década de 60. Fields, aliás, fez sua parte. Recentemente ele cantou America, de Neil Young, como forma de protestar contra o governo de Donald Trump. America, a música, faz parte da trilha sonora de O Cantor de Jazz, filme dos anos 80 que fala de um cantor de sinagoga que vira astro do showbiz. Mas no fundo traz uma mensagem de tolerância. “Temos de aceitar o fato que o país foi construído por imigrantes. É errado fechar as portas para essas pessoas.” Sinceramente, eu gostaria de morar no mundo imaginado por Lee Fields.

 

 

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