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John Mayer recruta dupla mexicana para abrir shows no Brasil

Rodrigo Y Gabriela: heavy metal, música clássica e regional para derrubar muros e intolerância

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 ago 2017, 22h53 - Publicado em 16 ago 2017, 22h45

Enquanto nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump sonha com a construção de um muro para separar os mexicanos dos americanos “de bem”, há pessoas que trabalham cada vez mais pela integração das duas nacões. Por exemplo, o cantor, compositor e guitarrista John Mayer. Ele acaba de anunciar Rodrigo Y Gabriela como banda de abertura da sua turnê pelo Brasl. A dupla mexicana, que faz um elogiado (e sensacional) casamento de heavy metal com música regional de seu país, esquenta as plateias para os concertos dos dias 18 de outubro, em São Paulo (no Allianz Park), 20 de outubro em Belo Horizonte (na Esplanada do Mineirão), dia 22 de outubro em Curitiba (na Pedreira Paulo Leminski), dia 24 de outubro em Porto Alegre (Anfiteatro do Beira Rio), e 27 de outubro no Rio (Arena Jeunesse). Ingressos à venda pelo site https://www.livepass.com.br.

Rodrigo Sánchez e Gabriela Quintero fazem uma das combinações mais criativas e entusiasmantes do cenário atual. Ex-guitarristas do Tierra Acida, fugaz banda de metal mexicano, os dois criaram um estilo que combina rock pesado com música clássica e gêneros regionais latinos e europeus. Rodrigo Y Gabriela passaram a desenvolver seu estilo após o término do grupo, em 1997. Eles foram trabalhar num hotel no litoral mexicano onde trocaram as guitarras pelos violões e o rock pesado por um repertório a base de baladas, canções folk e até bossa nova. Dois anos depois, mudaram para Dublin, na Irlanda, onde se apresentavam na Grafton Street, vitrine dos músicos de rua locais (ela é retratada com fidelidade no filme Once – Apenas uma Vez, protagonizado pelos atores e músicos Glen Hansard e Markéta Irglová). O repertório era baseado não apenas em canções de autoria da dupla, como também por covers inusitadas de sucessos do Led Zeppelin e do Metallica. Rodrigo Y Gabriela caíram no gosto do cantor e compositor Damien Rice (do sucesso The Blower’s Daughter), que os convidou para abrir seus shows. Pouco tempo depois, conhecidos no meio musical local, gravaram seu primeiro trabalho – que foi sucesso imediato. Rodrigo Y Gabriela, lançado em 2004, bateu The Artic Monkeys e Johnny Cash nas primeiras colocações da parada irlandesa. O mais recente CD deles, 9 Dead Alive (2014), mescla música e poesia.

Rodrigo Y Gabriela estiveram no Brasil em março do ano passado. As plateias foram modestas (ainda mais para artistas acostumados a tocar em festivais), mas o duo não se abalou.. Eles fazem uma espécie de interação com o público – algo que infelizmente se perderá na turnê com John Mayer. Cada número musical é intercalado por diálogos com a plateia, onde os violonistas falam de suas experiências musicais e até atendem a pedidos da plateia – em São Paulo, por exemplo, homenagearam o Sepultura com uma versão de Inner Self. Se Rodrigo mostra carisma e postura de showman, é Gabriela quem rouba a cena com seus solos melodiosos, as pancadas que dá com as nódoas dos dedos no corpo do violão (ela se inspirou num percussionista irlandês) e a graça com que dança nas músicas mais animadas. As covers também são especiais. À sua maneira, eles recriaram músicas de Led Zeppelin (Stairway to Heaven) e Metallica (Orion). A única dúvida é se o público feminino, ansioso pelo sorriso tímido de John Mayer, terá sensibilidade suficiente para desfrutar de Rodrigo Y Gabriela. Caso isso aconteça, será um exemplo de como a música vence barreiras e muros que os governantes tentam impor aos povos.

https://www.youtube.com/watch?v=YzGR2N5GWbA

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