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Depois do susto, Gerson King Combo comanda baile black

Um dos papas do funk brasileiro, o cantor e dançarino carioca se apresenta neste sábado no Sesc Pompeia, em São Paulo, e promete convidados especiais

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 set 2017, 18h57

No final de abril, o carioca Gerson Rodrigues Cortes, de 73 anos, passou por uma péssima experiência. Depois de comparecer a um hospital para exames de rotina, ele acabou internado por causa de um sério quadro de diabetes. Cortes ficou dois meses e quinze dias sob cuidados médicos e seu quadro chegou a se agravar. “Corri o risco de perder a minha perna”, desabafa. Seria um baque não apenas para seus familiares – e ele é uma pessoa muito querida –, mas também para todos os apreciadores da blac music. Gerson, que nos anos 70 adotou o sobrenome artístico de King Combo, é um dos maiores nomes da soul music e do funk brasileiros, que teve perdas expressivas em 2017 (Luiz Melodia e a dupla Tibério Gaspar e Jerry Adriani, que embora não tenham se limitado ao sacolejo made in Brazil, passaram rapidamente pelo gênero). Combo vai dar mostras de sua recuperação no Soul Brasileiro, evento que acontece neste sábado no Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93, Pompeia). A festa conta também com Getúlio Cortes, irmão de Gerson e autor de Negro Gato, além dos cantores Jadiel Oliveira e Jordan Costa. “Mas eu também convidei a Lady Zu para dar uma canja para a gente”, entrega.

Gerson King Combo tem uma trajetória inusitada. Ele começou como dançarino e coreógrafo do programa Jovem Guarda. Durante uma viagem a Porto Rico, assistiu a uma transformadora apresentação do cantor James Brown. Gerson, então, funkficou-se: assimilou a coreografia, as roupas vistosas e berrantes e o vocabulário e construiu sua própria versão do pai do funk. E Gerson Cortes virou Gerson King Combo. A princípio, seu estilo estava ligado à pilantragem, uma variação do pop liderada pelo cantor Wilson Simonal e cujos discos traziam vocais de Os Diagonais – formado por Cassiano, Camarão e Amaro, que mais tarde também e tornariam referência do soul nacional. Combo ainda participou de bailes dedicados à música black e que tinham o comando dos DJs e pioneiros Ademir Lemos e Big Boy.

A maior virada na carreira de Gerson King Combo se deu quando Roberto Menescal, diretor artístico da gravadora Phillips,  o convidou para se lançar como artista solo. “Eu me apresentava com a Banda Black Rio, mas não podia recusar uma oferta daquelas”, diz. Combo lançou dois álbuns, em 1977 e 1978, que até hoje são referência da qualidade do soul feito no Brasil. Não apenas pela riqueza instrumental (que era feito pela União Black, banda escaldada por apresentações nos bailes de subúrbio do Rio de Janeiro) como a linguagem de Combo, próxima ao discurso de afirmação dos negros dos Estados Unidos. E olha que ele teve de ser adaptado por conta da censura dos tempos de ditadura militar. “Dizia: ‘chega de ismos!’ e o Menescal dizia que podia trazer algum tipo de problema.” A censura, no entanto, não impediu que ele emplacasse hinos de louvor à negritude como Mandamentos Black (do refrão “Eu te amo, brother!”) e Funk Brother Soul.

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Nos anos seguintes, Gerson King Combo sobreviveu mais à base de compactos do que discos. Lançou músicas dedicadas ao Natal e foi até o Mão Branca, notório justiceiro carioca nos anos 70. Em 2001, rompeu uma ausência de mais de duas décadas ao lançar Mensageiro da Paz, álbum no qual regravou Mandamentos Black e que trazia participações de veteranos do sacolejo como Sandra de Sá e do grupo de reggae Cidade Negra. Combo é tema de três documentários que ainda não foram completados por falta de dinheiro. “De repente juntamos os três em um”, brinca. No palco, no entanto, não haverá espaço para chorumela. Gerson King Combo é um performer como poucos, que alia o vozeirão da escola Barry White a uma capa de causar inveja a qualquer herói da Marvel. Vida longa ao brother Gerson King Combo.

 

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