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Ação de Maduro na fronteira agrava fome, medo e colapso do comércio

Medida tomada pelo governo de Nicolás Maduro agravou a crise econômica na região

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 abr 2020, 18h18 - Publicado em 8 abr 2020, 17h59

Os cidadãos brasileiros e venezuelanos residentes em Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana que faz fronteira com o Brasil, estão confinados em casa — e não apenas pela questão do coronavírus. Desde o dia 1° de abril, o governo de Nicolás Maduro não permite mais o trânsito de pessoas e cargas entre Santa Elena e Pacaraima, município de Roraima localizado a 15 quilômetros de distância. A medida de Maduro é extremamente radical. No dia 19 de março, o presidente Jair Bolsonaro havia fechado a fronteira entre os dois países como medida sanitária, mas sem efeito para cidadãos brasileiros ou estrangeiros naturalizados, tampouco valia para o comércio de bens. Tudo mudou. Agora, apenas venezuelanos que já estão no Brasil podem retornar ao país de origem. “A fronteira está radicalmente fechada, ninguém da Venezuela entra no Brasil”, diz o padre espanhol Jesús López de Bobadilla, coordenador da Pastoral do Migrante. “E como aqui a fome pega forte, todos estamos muito preocupados.” O comércio do lado brasileiro abastece as casas e mesas dos vizinhos venezuelanos.

Há cerca de 1.000 moradores de rua em Pacaraima. As lojas, abarrotadas de venezuelanos, estão agora vazias ou fechadas. Pacaraima virou uma cidade fantasma sem o fluxo de venezuelanos. “Existe o vírus da fome da Covid-19”, diz o padre Jésus. Com a crise econômica agravada pela pandemia, os brasileiros do lado de cá e de lá estão bastante preocupados. Os que vivem em Santa Elena sequer podem atravessar a fronteira para receber aposentadoria, bolsa família, seguro-desemprego e pensão alimentícia depositada em bancos brasileiros. Prefeito de Pacaraima, Julio Torquato quer uma intervenção do Itamaraty junto à Venezuela para reverter a questão. Até o momento, não há casos de coronavírus nas duas cidades.

A medida faz agravar questões de saúde. Não há remédios como paracetamol nas farmácias venezuelanas. Isso sem falar no aumento do desemprego: com lojas fechadas e ausência de itens nas prateleiras, quase não existe mercado de trabalho em Santa Elena. A estimativa é que a medida de Maduro dure até o final do mês de maio.

Shirley, moradora de Santa Elena: ela não consegue vir ao Brasil para fazer compras e sacar o Bolsa Família (Acervo Pessoal/VEJA)

Depoimento de Shirley Barrios, com dupla nacionalidade (brasileira e venezuelana), que está sem poder sacar Bolsa Família e outros serviços no Brasil
“Eu moro com minha mãe de 59 anos e um filho de 2. Até um mês atrás, trabalhava como vendedora de uma loja de roupa masculina em Pacaraima. Era comum esse deslocamento diário para o lado do Brasil para comprar comida, remédios, ir ao médico…. Mas por conta do coronavírus, a loja de roupas onde eu trabalhava fechou. Daí veio a medida do Maduro que impede todo mundo de ir e vir.

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Eu ganhava 1.200 reais por mês, agora estou desempregada. Não posso ir ao Brasil para pegar meu Bolsa Família de 40 reais nem cesta básica oferecida pela prefeitura de lá. O meu caso é mais assustador porque eu tenho dupla nacionalidade: minha mãe é brasileira e meu pai, venezuelano. Não tenho o direito de entrar no Brasil mesmo tento cidadania brasileira.

Comércio da cidade Santa Elena de Uairén, na Venezuela: colapso com o fechamento da fronteira com o Brasil (Jonne Roriz/VEJA)

Santa Elena tem agora toque de recolher. Os mercados e farmácias só abrem até o meio-dia. Depois, tudo fica deserto. Mas há medo sobre as questões práticas do dia a dia. Um brasileiro que mora em Santa Elena perdeu um irmão em Pacaraima, mas foi impedido de ir ao velório. Detalhe: ele pagaria as despesas do enterro. Uma mãe brasileira, cujo filho cortou a perna em um acidente, não pode atravessar a fronteira para levá-lo ao médico. “Estamos à mercê e Deus”, afirma ela.

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