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‘Quero ser reconhecida pela mulher que sou’, diz modelo trans

Modelo brasileira Valentina Sampaio estampa a capa da versão parisiense da Vogue em março, e conta ao blog VEJA Gente: 'quando vi, não acreditei'

Por Mabi Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 fev 2017, 17h14 - Publicado em 21 fev 2017, 17h11

Uma vez rejeitada em uma campanha por ser transexual, Valentina Sampaio, 20, viu sua carreira dar um salto ao estampar a capa de março da revista Vogue de Paris, referência no mundo da moda. A princípio, a modelo brasileira foi convidada apenas para participar de um ensaio fotográfico, mas teve uma surpresa quando Emmanuelle Alt, editora-chefe da publicação, a colocou na capa da edição, dedicada à revolução de gênero. A Vogue Paris foi o primeiro trabalho internacional da modelo, que havia estampado no Brasil a capa da revista ELLE.

Confira abaixo a entrevista de Valentina ao blog VEJA Gente:

Como foi feito o convite para estampar a capa da Vogue de Paris? Fui para Londres fazer um editorial para a revista, o que eu já achava muito. Enquanto fotografava, a editora-chefe, Emannuelle Alt, montou a capa com as minhas fotos para ver como ficava. Quando eu vi, não acreditei! Perguntei se era sério aquilo, e ela disse sim.

Valentina na capa da 'Vogue' Paris
Valentina na capa da ‘Vogue’ Paris (Reprodução/Divulgação)

Você pode nos contar um pouco sobre sua trajetória como modelo? Eu comecei a trabalhar como modelo no Ceará, onde nasci. Fui criada no interior do estado, em um vilarejo de pescadores, mas mudei para Fortaleza para fazer faculdade de moda, aos 16 anos. Eu sempre gostei de desenhar, desde criança fazia croquis, a arte sempre me encantou muito. Na faculdade, eu conheci pessoas que trabalhavam em eventos de moda locais, inclusive meu primeiro trabalho foi um desfile na feira de Fortaleza. Trabalhei no Nordeste por um tempo, até o diretor do filme da L’Oreal me encontrar pelo Instagram, e eu me mudei para o Rio de Janeiro. Lá surgiram as oportunidades de modelar para a L’Oreal. Em setembro de 2016, eu fui para São Paulo para o São Paulo Fashion Week e fiz o meu primeiro editorial, para a revista Elle.

Valentina estampou a capa da Revista Elle em Novembro de 2016 (Foto: Reprodução/ Elle)
Valentina estampou a capa da Revista Elle em Novembro de 2016 (Foto: Reprodução/ Elle) ()

Você sofreu algum preconceito por ser transexual? Logo no começo da minha carreira, eu fui contratada para estampar a campanha de uma grife do Ceará, e me dispensaram em cima da hora por puro preconceito. Eu estava no estúdio vestida e maquiada, pronta para fotografar, e os fotógrafos receberam a informação de que eu não seria uma boa imagem para a marca. Eu me senti supermal, achava que a errada era eu, só queria sair de lá e esquecer aquele dia.

Por que a representatividade dentro da moda é importante? Eu vejo a moda como um instrumento para derrubar barreiras. Acredito que nela as coisas fluem mais livremente. Claro, ainda existe preconceito no mundo da moda, e temos que batalhar muito para acabar com ele, mas acredito que há mais liberdade para sermos quem somos, comparado a outros meios. Fora que a arte pode tocar as pessoas, ela transforma.

De quando você começou, até agora como capa da Vogue, quais as principais mudanças relativas à representatividade e questão de gênero? Agora, estamos discutindo as questões de gênero. O preconceito não é natural do ser humano, tem que ser falado para ser combatido. Eu quero trabalhar pelo meu talento e o que eu tenho a oferecer, que muitas vezes as pessoas não tem a chance de ver por transfobia. As pessoas estão mais preparadas intelectualmente para aceitar as diferenças, e entender um pouco melhor o próximo. Essa revolução veio tarde, deveria ter acontecido há muito tempo. Nossa mania de rotular traz o preconceito. A grande vitória da transexualidade será quando isso não for mais debatido, mas algo natural. Eu quero ser reconhecida pela mulher que eu sou, e que todas tenham oportunidade de serem também.

Você se considera um símbolo da causa transexual? Acho que sim, acredito que as pessoas já me veem assim. Acho importante para que cada vez mais Valentinas possam ter as mesmas oportunidades que eu tive, e que essas meninas sejam ouvidas como seres-humanos, acima de tudo.

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Qual sua opinião sobre a moda genderless? Acho que é uma forma de combater o preconceito de gênero, para não rotularem uma pessoa pelo que ela veste.

Você teve alguma inspiração para seguir carreira como modelo? Sim, a Roberta Close. Ela sempre foi minha referência, acho ela maravilhosa, uma mulher incrível. A Brooke Shields também, é minha diva.

A próxima novela das 21h, da Glória Perez, terá como tema a transexualidade. Qual sua opinião sobre? Acho muito importante, ainda mais no horário nobre. Tenho certeza que ela fará um bom trabalho.

Valentina Sampaio fotografada por Mert Alas e Marcus Pigot para a Vogue Paris
Valentina Sampaio fotografada por Mert Alas e Marcus Pigot para a Vogue Paris (Mert Alas/ Marcus Pigot/ Vogue Paris/Reprodução)

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