Onze anos depois de deixar Benfica, no centro do Rio, rumo a Nova York, a bailarina clássica Ingrid Silva vai se apresentar pela primeira vez com sua companhia, a Dance Theatre of Harlem, no Brasil. “O balé me deu a chance de conquistar muitos sonhos”, diz. Filha de uma doméstica, Ingrid começou a dançar aos 8 anos pelo projeto social “Dançando para não dançar”. Seu primeiro teste foi com os pés no chão, sem sapatilhas. Hoje, ela pinta as sapatilhas da cor de sua pele. “Ensaio sete horas por dia, a semana toda, e faço ioga para relaxar os músculos.” Quando vem ao Brasil a passeio, ela dá aulas em favelas do Rio. E pensar que a pequena Ágatha Félix, de 8 anos, também fazia balé — e poderia ser uma Ingrid no futuro — quando um tiro de fuzil a matou pelas costas.

Publicado em VEJA de 16 de outubro de 2019, edição nº 2656

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